Criador da raça de cães labradoodle se arrepende e diz que animais são ‘doidos’

Labradoodle Barney

A dona do labradoodle Barney discorda do criador da raça: ‘Eles são perfeitos para qualquer idade’

“Fofo” e “bonitinho” são os primeiros adjetivos que vêm à cabeça da maioria das pessoas que veem um labradoodle pela primeira vez.

O criador dessa raça, uma mistura entre labrador e poodle, prefere outras palavras, entretanto: “doido” e “monstro Frankenstein”, por exemplo.

Em uma entrevista recente dada ao podcast da rede australiana ABC, Wally Conron diz que sua “invenção” é um dos maiores arrependimentos de sua vida e que não faz ideia do que leva as pessoas a continuarem reproduzindo a raça ainda hoje.

A “tendência” de cruzar raças diferentes para tentar gerar cães híbridos tem criado cães propensos a uma série de doenças, ele ressalta.

“Eu abri a caixa de Pandora”, afirmou o australiano à ABC. “Libertei um Frankenstein.”

“As pessoas estão virando criadoras por dinheiro. Profissionais inescrupulosos estão cruzando poodles com raças inapropriadas simplesmente para dizerem que foram os primeiros a fazer isso.”

Labradoodles having fun on the grass
Some say they are the first designer dogs

O primeiro ‘cachorro design’?

Wally criou o labradoodle no fim dos anos 1980.

Tudo começou quando uma senhora cega, uma americana do Estado do Havaí, escreveu-lhe uma carta contando que o marido era alérgico a cães de pelo longo. Foi aí que ele decidiu tentar criar um cachorro que pudesse servir de cão-guia e morar com o casal.

Após três anos tentando encontrar uma solução, em 1989 ele teve a ideia de criar um animal com “as habilidades do labrador para o trabalho e a pelagem de um poodle”.

Apesar de ter conseguido o que queria, ele diz se arrepender porque a raça acabou criando uma onda que não necessariamente observa um princípio caro a ele — o de criar apenas raças saudáveis.

“Vejo que a maioria (dos labradoodles) ou é doida ou tem problemas hereditários.”

Martha and her dog Barney
Martha, dona de Barney, diz nunca ter conhecido ‘um labradoodle maluco’

‘O companheiro perfeito’

Muita gente, entretanto, não concorda com Wally.

Para Martha Watton, de 20 anos, seu labradoodle Barney é o cachorro dos sonhos.

“Ele tem uma mistura perfeita de amor e inteligência. Quando estou para baixo ou estressada, ele levanta meu humor, pede carinho e me sinto melhor”, disse a britânica ao programa de rádio da BBC Newsbeat.

Para ela, cães como Barney são “perfeitos para qualquer idade”.

“Meu avô tem demência e levamos o Barney pra visitá-lo na casa de repouso — ele é o cachorro perfeito (para fazer companhia a pessoas mais velhas), não late.”

‘Parte da família’

Grace Mandeville tem opinião parecida — ela é dona de Juno há dois anos e diz que ela “é uma ursinha de pelúcia brincalhona louca por meias”.‎

‎”Ela é realmente parte da família. Eu sou alérgica a gato e cachorro‎, então é ótimo poder ficar no sofá com ela e não começar a espirrar.”

‎”Todo dia pela manhã ela senta do lado da cama esperando que a gente acorde para vir fazer um chamego.”

Para o veterinário John Whitwell, os cães da raça são “felizes, saudáveis” e não apresentam grandes problemas.

“Não acho que sejam malucos. Eles realmente parecem ser bons cães para famílias — nunca conheci alguém que tenha dito que ele era agressivo ou que tenha atacado os donos.”

Dicas para os donos de cães ‘mal educados’

Se você é dono de um cachorrinho barulhento, entretanto, Whitwell diz que há algumas coisas para melhorar a vida na casa.

Por mais irritantes que os latidos recorrentes possam ser, não repreenda o bichinho — porque assim ele vai acabar virando o “centro das atenções”.

“Leve o cachorro para fora, para uma área tranquila, e deixe ele lá por dez minutos.”

Labradoodle na natureza
Raça foi criada no fim dos anos 1980

Ele também recomenda que os donos “sintonizem sua paz interior” para desestimular os cachorros a correrem ou pularem pela casa quando alguém entra pela porta.

“Claro que você fica feliz quando chega em casa e vê seu cachorro. Mas, quando você imediatamente o ‘cumprimenta’ e faz festa, reforça para ele que aquele é um momento de excitação.”

“Faça um café, um chá e, depois que o cãozinho estiver mais calmo, aí sim diga ‘oi’.”

Fonte: BBC