Um vulcão entrou em erupção na Nova Zelândia nesta segunda-feira (09/12), deixando ao menos cinco mortos.
A polícia confirmou até agora que 47 pessoas estavam na Ilha Branca, onde fica o vulcão, no momento do desastre. Entre elas, havia turistas da Austrália, da China, dos Estados Unidos, da Malásia e do Reino Unido.
Até agora, 34 pessoas foram resgatadas, algumas delas com queimaduras graves. Voos de reconhecimentos não identificaram sinais de mais sobreviventes, e autoridades afirmam ser difícil encontrar mais alguém com vida.
No entanto, os serviços de emergência ainda não conseguiram fazer buscas na área por causa das condições perigosas.
Turistas foram vistos caminhando dentro da cratera do vulcão momentos antes da erupção, que ocorreu às 14h11 do horário local (22h11 de domingo, no horário de Brasília).
O vulcão da Ilha Branca, também chamada de Whakaari, é o mais ativo do país e apresenta variados graus de atividade desde 2011. A mais recente erupção se deu há três anos, mas ninguém ficou ferido na ocasião.
Apesar disso, trata-se de um destino turístico popular no país. Agências oferecem excursões diárias e voos panorâmicos para a Ilha Branca, que fica no chamado Círculo de Fogo do Pacífico.
O que é o Círculo de Fogo?
Esta região foi batizada assim porque há ali, no fundo do oceano, uma grande série de arcos vulcânicos e fossas oceânicas que coincidem com as extremidades de uma das maiores placas tectônicas do planeta. Cerca de 90% dos terremotos já registrados em todo o mundo aconteceram ali.
A área de cerca de 40 mil km de extensão tem formato de ferradura e abrange toda a costa do continente americano no Pacífico, além de Japão, Filipinas, Indonésia, Nova Zelândia e ilhas do Pacífico Sul.
Mais de 450 vulcões, incluindo três dos quatro mais ativos do mundo — o Monte Santa Helena, nos Estados Unidos, o Monte Fuji, no Japão, e o Monte Pinatubo, nas Filipinas — estão no Círculo de Fogo.
Esta é a área de maior atividade sísmica do mundo. Em média, os sismógrafos captam algum tipo de abalo no Círculo de Fogo a cada cinco minutos.
Alguns dos piores desastres naturais já registrados aconteceram em países localizados na região. Um deles foi o tsunami de dezembro de 2004, que matou 230 mil pessoas em 14 países no Oceano Índico, após um tremor de magnitude 9,1.
Outros dois desastres famosos na área ocorreram no Chile: o primeiro, em 1960, foi um terremoto de magnitude 9,5, o pior já registrado na história e que matou 2 mil pessoas. Outro tremor, em 2010, deixou 800 mortos e cerca de 20 mil desabrigados.
Placas tectônicas
Nos anos 1960, cientistas apontaram a existência das placas tectônicas para explicar as localizações dos vulcões e outros eventos geológicos de grande escala.
A superfície da Terra é como uma “colcha de retalhos” de enormes placas rígidas, com espessura de 80 km, que flutuam por cima do núcleo quente e líquido do planeta.
As placas mudam de tamanho e posição ao longo do tempo, movendo-se entre um e dez centímetros por ano, uma velocidade equivalente à do crescimento de unhas humanas.
Assim, o fundo do oceano é constantemente alterado, com a criação de novas crostas feitas da lava expelida do centro da Terra e que se solidifica no contato com a água fria.
Quando as placas tectônicas se movem, geram intensa atividade geológica em suas extremidades.
Elas podem se afastar umas das outras, abrindo um espaço e criando uma superfície maior no fundo do mar. Ou se aproximar, encobrindo uma à outra.
Também podem “roçar” umas nas outras, gerando tremores de menor intensidade, como ocorre geralmente na Falha de San Andreas, na região de San Francisco, nos Estados Unidos.
No entanto, quando uma placa se move e é forçada para dentro da Terra, ela encontra altas temperaturas e pressões que são capazes de parcialmente derreter a rocha sólida, formando o magma que é expelido pelos vulcões.
As atividades nestas zonas de divisa entre placas tectônicas são as mesmas que dão origem aos terremotos de grande magnitude.
Monitoramento de risco
Na região do vulcão da Ilha Branca, a empresa de monitoramento GeoNet transmite regularmente informações sobre a atividade do vulcão às agências turísticas e à polícia, mas cabe aos turistas tomar suas próprias decisões sobre se irão ao local.
Os visitantes recebem capacetes e máscaras de gás para se proteger contra o vapor sulfuroso e devem usar calçados adequados para fazer o passeio.
Os proprietários da empresa White Island Tours, com sede em Whakatane, são os guardiões oficiais da ilha, que foi declarada uma reserva privada em 1952.
De acordo com o jornal New Zealand Herald, a White Island Tours alerta em seu site que os visitantes “devem estar cientes de que sempre há um risco de erupção, independentemente do nível de alerta”, ao mesmo tempo em que afirma seguir um “plano de segurança abrangente que orienta” suas atividades na ilha.
Na terça-feira passada, a GeoNet alertou para um nível elevado de atividade no site, mas também disse que “o nível de atividade não representa um risco direto para os visitantes”.
O presidente da empresa, Paul Quinn, disse que o evento desta segunda-feira foi uma “terrível tragédia” e que os “pensamentos e orações da empresa estão com todos que foram afetados”.
Fonte: BBC