Como um fotógrafo captura a glória dos pássaros em voo

A foto acima parece meio abstrata, ainda que se possa detectar a natureza nela. Certamente, é linda. Mas do que se trata, exatamente?

De um grupo de grous sobrevoando a região do lago Gallocanta, na Espanha. Esse tipo de pássaro viaja entre os campos, onde se alimentam, e a água, onde dormem. 

O fotógrafo catalão Xavi Bou não se contentou em apenas observar esse movimento magnífico no céu, no entanto: fez diversos cliques que foram em seguida reunidos em uma única imagem.

“Ornitografia”

Bou cresceu na cidade de Prat del Llobregat, uma região catalã úmida próxima à Barcelona que também é um ponto chave nas rotas de migração de aves. Foi ali, com seu avô, que ele aprendeu a apreciar os trajetos incríveis que elas desenham no céu.

“Um dia, me perguntei que tipo de trilhas os pássaros deixariam no céu, se isso fosse possível. Foi quando imaginei aquelas linhas que apareceriam no céu. Eu pensei que seria interessante torná-las visíveis”, contou ao portal Atlas Obscura.

Bou fez suas primeiras imagens em 2012, tornando-se tão bom nisso que vem se dedicando exclusivamente ao que chama de “ornitografia” pelos últimos cinco anos –  do grego ornito (“pássaro”) e graphe (“desenho”).

Uma das modelos favoritas de Bou é a revoada de estorninhos, por conta de seus padrões de voo imprevisíveis. A foto abaixo, por exemplo, parece ainda mais com um quadro abstrato do que a imagem de capa deste artigo, mas descreve na verdade um drama de vida ou morte – os vazios no meio do retrato foram produzidos por falcões atacando o grupo de pássaros.

“Sou apaixonado pela ideia de como um escultor, o falcão, molda as formas das nuvens de estorninhos”, disse Bou.

Técnica

Você deve imaginar o trabalho todo que é criar essas imagens. O processo de fato é lento, mas o fato de Bou ser anteriormente um artista de pós-produção provavelmente o ajuda muito.

  • Primeiro, ele pode passar dias em um local gravando vídeos ou tirando fotos;
  • Depois, gasta de uma semana até dez dias processando as imagens em baixa resolução;
  • Por fim, gasta em média mais uma semana para criar a imagem final em alta resolução.

“Para poder mostrar um período maior de tempo em uma única imagem e não o fazer através de uma longa exposição, o que eu descobri é que eu tinha que tirar muitas imagens por segundo e fundi-las em uma. Como fotografo entre 30 e 120 quadros por segundo, uso câmeras de filme de alta resolução e fotografo a maior parte do tempo em câmera lenta. Depois, mesclo a sequência em uma única imagem”, explicou Bou ao Altas Obscura.

E muito obrigada por isso, Bou! [AtlasObscura]

Fonte: Xavi Bou, Photographer
http://www.xavibou.com/