Pesquisadores pensavam que tartarugas marinhas estavam comendo plástico no oceano por causa do apelo visual que esse tipo de lixo possui. As sacolas que navegam pelos mares, por exemplo, têm formato bem parecido com o de águas-vivas (um dos petiscos das tartarugas). Mas agora, um estudo publicado na Current Biology mostra que o odor do plástico sujo pode ser semelhante ao cheiro de comida para os animais.
Imagine só: sacolas, canudos, garrafas e outros materiais são lançados ao mar. Para esses plásticos se decomporem, são necessários cerca de 400 anos. Enquanto isso, eles ficam ali vagando e sendo “embrulhados” por algas, plantas e micróbios − que passam a chamar o lixo de lar.
As tartarugas estão acostumadas a nadar longas distâncias guiadas pelo cheiro de camarões e peixes. Então, vão em busca de um belo almoço e acabam entrando em grandes lixões no meio do mar. Vale lembrar que elas não são as únicas prejudicadas pelo plástico. Aves e outros animais marinhos também são vítimas da poluição.
A pesquisa
Para o experimento, cientistas registraram o comportamento de 15 tartarugas criadas em cativeiro. Elas ficavam no tanque enquanto eram exalados cheiros diversos no exterior. A reação dos animais é colocar a cabeça acima d’água para se guiar pelo cheiro.
Os odores de água deionizada (que tem todos os seus minerais removidos) e plástico limpo, por exemplo, foram ignorados. Por outro lado, as tartarugas saíam atrás de cheiros de comida (peixe fresco) e plástico bioincrustrado. Levam esse nome pedaços de plástico que sofrem incrustação biológica, isto é, acúmulo de micro-organismos, plantas e algas. Os pesquisadores ficaram surpresos pela resposta aos alimentos não ser mais forte e sim igual, já que os animais estavam sendo alimentados daquela forma há cinco meses.
Ainda não se sabe quais substâncias químicas do odor do plástico serviram para atrair as tartarugas. Os cientistas seguem pesquisando formas de evitar que as tartarugas enfrentem esse perigo. Nenhum esforço será suficiente enquanto existir poluição oceânica causada pelos humanos, é claro.
Fonte: Carolina Fioratti