Conheça a nova espécie de tartaruga, encontrada no sudeste do Pará

O espécime, que habita os igarapés do entorno da Unidade de Conservação (UC) Parque Estadual Martírio Serra das Andorinhas (Pesam), foi batizado de 'perema do Pará'.

‘Perema do Pará’ é descoberta por pesquisadores no Pará. — Foto: Divulgação

Uma nova espécie de tartaruga de água doce foi encontrada nos igarapés do entorno da Unidade de Conservação (UC) Parque Estadual Martírio Serra das Andorinhas (Pesam), no município de São Geraldo do Araguaia, sudeste paraense. A descoberta foi divulgada nesta quarta-feira (4), pelo Instituto de Desenvolvido Florestal e da Biodiversidade do Estado do Pará.

A tartaruga foi batizada de ‘perema do Pará’ e foi conhecida a partir de estudo de exemplares da coleção de Herpetologia do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG), por pesquisadores da Universidade Federal do Pará (UFPA), do Núcleo de Ecologia Aquática e Pesca da Amazônia (NEAF/UFPA), do projeto Turtle Conservancy, da Chelonian Research Foundation e da ReWild.

Área em que a tartaruga foi encontrada. — Foto: Divulgação

O estudo teve início em 2018, e foi liderado pelo herpetólogo Fábio Andrew Gomes Cunha, da Universidade Federal do Pará (UFPA), a partir de uma visita ao centro de Herpetologia do (MPEG), considerado o maior acervo da região amazônica, abrigando cerca de 100 mil espécimes de anfíbios e répteis, a grande maioria preservados em álcool e alguns indivíduos em via seco.

“Estávamos em processo de descrição de uma nova espécie, da região do Baixo Amazonas, e ao estudarmos os animais depositados no Museu Emílio Goeldi, encontramos um grupo de tartarugas muito semelhantes entre si e completamente diferentes de tudo que se conhecida, até aquele momento. Foi algo de saltar os olhos”, disse o pesquisador Fábio Cunha.

O nome científico é Mesoclemmys sabiniparaensis, e “paraensis” é em honra ao Pará.

Estudos e análises

Análises feitas no ‘perema do Pará’. — Foto: Divulgação

De acordo com pesquisador Fábio Cunha, após o primeiro contato, iniciou-se um estudo minucioso, com análises genéticas feitas com base em análises de DNA extraído de amostras de tecido muscular dos animais, diferenças morfológicas e anatômicas, além de informações sobre a história natural desses animais.

“Para que uma nova espécie seja aceita pela ciência, é necessário realizar comparação morfológica, genética, comportamental, sua distribuição animal, além da fisiologia da nova espécie com todas as outras espécies já descritas e reconhecidas. É um processo lento, com muitos detalhes. Desde o primeiro contato com os animais até a publicação leva alguns anos; nessa pesquisa, foram quatro anos inteiros de muito estudo”, detalhou.

Segundo a diretora e Gestão e Monitoramento das Unidades de Conservação (DGMUC/Ideflor-Bio), Socorro Almeida, a descrição da nova espécie, para a região sudeste do Estado do Pará, tendo como habitat áreas do entorno do Pesam, reforça a importância das Unidades de Conservação da Natureza para a preservação e conservação dos ecossistemas.

Publicação

Tartaruga ‘perema do Pará’. — Foto: Divulgações

O artigo científico de descrição da nova espécie foi publicado dia 14 de dezembro de 2022, de forma on-line, na revista internacional científica Chelonian Conservation and Biology Turtle Conservation Fund (TCF-2002). É uma coalizão de parceria estratégica e de financiamento das principais organizações de conservação de tartarugas e indivíduos focados em garantir a sobrevivência a longo prazo de tartarugas e tartarugas de água doce.

A Chelonian Research Foundation é uma organização sem fins lucrativos fundada em 1992 para a produção, publicação e apoio à pesquisa mundial sobre tartarugas e jabutis, com ênfase na base científica da diversidade de quelônios e biologia da conservação.

Fonte: G1