Destroços encontrados em Pompeia sugerem que romanos reciclavam lixo

Arqueólogos encontraram evidências de um esquema de reciclagem no qual os habitantes de cidade destruída pelo Vesúvio empilhavam lixo para ser reutilizado mais tarde

Basílica em Pompéia. Destroços da cidade foram analisados por pesquisadores da Universidade de Tulane, dos EUA (Foto: Wikimedia Commons)

Uma descoberta feita por arqueólogos da Universidade Tulane, nos Estados Unidos, sugere que, entre tantas inovações surgidas em Roma, a reciclagem pode ter sido uma das técnicas dominadas por essa civilização.

Liderados pela arqueóloga Allison Emmerson, pesquisadores analisaram pilhas de destroços e lixo acumuladas ao lado de muros de Pompeia. A princípio, acredita-se que elas teriam sido geradas durante um terremoto que atingiu a cidade em 62 d.C, 17 anos antes da catastrófica erupção do Vesúvio. Ao que tudo indica, no entanto, eles eram propositalmente empilhados em pontos estratégicos da cidade, onde eram vendidos e reutilizados em novas construções.

“Descobrimos que parte da cidade foi construída com lixo”, disse Emmerson, em entrevista ao The Guardian. “As pilhas [de lixo] do lado de fora dos muros não eram de materiais para serem jogados fora. Elas estavam ao lado das paredes sendo coletadas e classificadas para serem revendidas para dentro dos muros [da cidade].”

Análises de solo

Para analisar a movimentação de lixo pela cidade, os pesquisadores analisaram amostras de solos e perceberam que alguns eram mais arenosos, enquanto outros tinham materiais mais orgânicos, dependendo de onde o lixo havia se acumulado.

“A diferença no solo nos permite ver se o lixo foi gerado no local onde foi encontrado ou coletado de outros lugares para ser reutilizado e reciclado”, explicou Emmerson ao jonal britânico.

Entre os materiais mais reutilizados estavam pedaços de ladrilhos e ânforas quebradas, que eram “escondidas” com pedaços de argamassa e gesso. O material foi utilizado como base de diversas construções da época.

Segundo a pesquisadora, os moradores da cidade extinta tinham uma relação diferente com a limpeza do que os arqueólogos do século 19 imaginavam. “Nós tendemos a assumir que coisas desse tipo são universais, mas atitudes em relação ao saneamento são culturalmente definidas, e parece que, em Pompeia, as condutas eram muito diferentes das nossas”, disse ela em 2012, ao Live Science.

Ao The Guardian, Emmerson acrescenta: “Na maioria das vezes, não nos importamos com o que acontece com nosso lixo, desde que seja retirado. O que encontrei em Pompéia é uma prioridade totalmente diferente: o lixo estava sendo coletado e classificado para reciclagem. ”

Fonte: Revista Galileu