A novidade, descoberta a partir de observações ao longo de 13 anos, contraria a crença de que os animais apenas absorvem o líquido dos alimentos consumidos
Cientistas da Universidade de Sydney, na Austrália, descobriram um novo comportamento dos coalas: eles bebem a água que escorre pelas árvores. O achado surpreendeu os pesquisadores, já que, até então, acreditava-se que eles apenas absorviam a umidade das plantas consumidas.
O estudo, publicado na revista científica Ethology, descreve que esses animais lambem as gotinhas que escorrem nos troncos lisos das árvores durante as chuvas. “Por muito tempo pensamos que eles ganhavam a maior parte da água necessária para sobreviver nas folhas de goma com as quais se alimentam”, afirma, em nota, Valentina Mella, autora da pesquisa. “Mas agora nós os observamos lambendo a água dos troncos das árvores. Isso altera significativamente nossa compreensão de como os coalas tomam a água da natureza. É muito emocionante”.
A equipe coletou imagens de coalas bebendo água feitas por cientistas e ecologistas entre 2006 e 2019. Ao todo, foram 44 observações de coalas ao ar livre lambendo a água que escorria de um tronco de árvore durante ou imediatamente após a chuva. Em duas delas, uma coala adulta e um coala macho chamaram atenção ao beberem água por 15 e 34 minutos ininterruptos, respectivamente.
“Como os coalas são animais noturnos e sua observação raramente ocorre durante fortes chuvas, é provável que o comportamento deles tenha passado despercebido e, portanto, tenha sido subestimado no passado”, diz Mella.
A pesquisa pode ser um alerta para as autoridades australianas, pois o país está sofrendo o maior período seco já documentado. Além disso, o estudo pode ser uma base para investigações sobre quando e como os bichinhos podem ter acesso à água e se a suplementação é necessária para algumas populações.
“Esse tipo de comportamento depende dos coalas serem capazes de experimentar chuvas regulares para acessar água e indica que eles podem sofrer sérios prejuízos se a falta de chuva comprometer sua capacidade de acesso”, alerta Mella.
Fonte: Revista Galileu