O fenômeno acontece todo ano e é essencial para o planeta. Em 2020, entretanto, está ocorrendo na maior intensidade dos últimos 50 anos. Entenda
Na última segunda-feira (22), uma nuvem de poeira vinda do deserto do Saara, no norte da África, chegou ao Caribe, na América Central. O fenômeno, apelidado de “Godzilla”, é o maior e mais intenso dos últimos 50 anos e agora segue em direção à América do Norte.
“De acordo com os cientistas dos quais obtive algumas informações, eles estão dizendo que essa é uma nuvem de poeira anormalmente grande”, disse o meteorologista Dan Kottlowski ao site AccuWeather. “Uma das coisas que notei é que a poeira começou a sair da costa da África há alguns dias, na verdade, talvez mais de uma semana atrás. E ainda está chegando. É quase como uma área prolongada de poeira.”
Essa massa de ar extremamente seca e empoeirada é conhecida como Camada de Ar Saariana. Ela se forma sobre o deserto do Saara e, apanhada pelos ventos alísios e elevada à atmosfera, é arrastada através do Atlântico Norte.
Segundo relatos de metereologistas à Associated Press (AP), o fenômeno ocorre a cada três ou cinco dias, do final da primavera ao início do outono no Hemisfério Norte, atingindo seu pico durante os meses de junho, julho e até o início de agosto. A camada de partículas pode chegar a 3 quilômetros de espessura.
A poeira do Saara é fundamental para o funcionamento do nosso planeta e para a manutenção da vida na Terra. Além de fornecer a areia que constrói as belíssimas praias do Caribe, as partículas que viajam da África para as Américas contêm nutrientes importantes que fertilizam o solo da Floresta Amazônica.
A nuvem deste ano, entretanto, é maior que o normal e está afetando a qualidade do ar em diversas cidades nas Américas Central e do Norte. De acordo com a AP, as autoridades de saúde de vários países caribenhos pediram que as pessoas fiquem em casa a fim de que não sejam afetadas pelo fenômeno, que pode causar ou agravar problemas respiratórios — o que é ainda mais preocupante tendo em vista a pandemia de Covid-19.
Além disso, a poeira saariana pode suprimir tempestades tropicais, piorando ainda mais a qualidade do ar. “[A nuvem] mantém uma ‘tampa’ na atmosfera e traz ar seco para qualquer coisa que possa tentar se desenvolver, o que é muito prejudicial para o desenvolvimento tropical, que depende de ar quente e úmido”, disse Alan Reppert, meteorologista sênior do AccuWeather.
Fonte: Revista Galileu