Confira aqui as principais notícias e artigos que foram publicados durante a semana no Ambientebrasil.
Infância, natureza e a ética do cuidado
No final da década de 70, um professor da Universidade Estadual de Iowa, Thomas Tanner, investigou a vida de ambientalistas na tentativa de identificar o que os havia atraído para o ativismo ambiental, e descobriu que a influência mais significativa foi a experiência vivida na natureza, em zonas rurais ou lugares de natureza selvagem.
Em 2006, Nancy Wells e Kristi S. Lekies, pesquisadoras da Universidade de Cornell, desenvolveram estudos para investigar a influência da infância na formação de ambientalistas. Cerca de 2 mil pessoas com idades entre 18 e 90 anos foram entrevistadas com o intuito de averiguar a possível relação entre o grau de exposição da criança à natureza e o nível de consciência ambiental na idade adulta.
A pesquisa, e outros estudos realizados nos anos seguintes, apontaram que a preocupação dos adultos pelo meio ambiente e o comportamento que isto gera, tem relação direta com a participação em atividades na natureza selvagem nos primeiros anos de vida. O estudou sugeriu ainda que o brincar livre na natureza é muito mais efetivo do que atividades comandadas por adultos.
Videoconferência debate comércio global de serpentes
O recente caso ocorrido no Distrito Federal, no qual um estudante de veterinária foi picado por uma serpente exótica que mantinha em sua casa como animal de estimação trouxe de volta o debate sobre os riscos da criação de animais silvestres.
Prática comum no mundo todo, ainda que inaceitável para os padrões de bem-estar animal, o comércio de serpentes representa 20% da venda global de animais exóticos. Contudo, as péssimas condições de confinamento tornam este tipo de comércio uma bomba-relógio para doenças infecciosas e mortais.
Para falar sobre o assunto, a Proteção Animal Mundial, organização não-governamental que trabalha pelo bem-estar animal, promoveu no dia 16 de julho, um debate online sobre o comércio global da serpente Píton Bola – animal mais legalmente exportado por países da África – e como o mercado de animais silvestres está conectado com o risco iminente de novas pandemias como a do Covid-19.
Estudo vincula onda de calor na Sibéria à ação humana
Uma recente onda de calor na Sibéria, com registros de temperatura recorde de 38ºC seria “quase impossível” sem a influência das mudanças climáticas pelas atividades humanas, afirmaram cientistas em um estudo divulgado nesta quarta-feira (15/07).
A pesquisa também indica que o efeito estufa multiplicou a chance de calor prolongado na região em pelo menos 600 vezes, senão em até dezenas de milhares de vezes.
Para o estudo – que ainda não foi submetido à revisão por pares – uma equipe internacional de pesquisadores analisou as temperaturas na Sibéria entre janeiro a junho deste ano, – mês em que a região registrou média recorde, incluindo um dia em que foi registrada máxima de 38 graus.
Australianos criam tecnologia que recicla todo tipo de plástico
O impacto ambiental provocado pelo plástico é um problema grave e as soluções aparecem em um ritmo muito menor do que a produção e descarte do material no planeta. Neste cenário, cientistas australianos afirmam que desenvolveram uma tecnologia que pode fazer com que todos os plásticos sejam recicláveis.
Todos os anos, são descartadas na Austrália cerca de 3,5 milhões de toneladas de plástico, mas apenas 10% deste material é reciclado. O restante é queimado, enterrado em aterros sanitários ou mesmo enviado para outros países. Uma possível solução para este problema é a tecnologia criada pela Licella, empresa australiana que inaugurou sua primeira planta de reciclagem na Inglaterra.
O sistema foi desenvolvido por Len Humphreys e Thomas Maschemeyer, professor da Universidade de Sidney, e se deve graças ao Reator Catalizador Hidrotermal – CAT-HTR que eles desenvolveram. O processo químico de reciclagem altera a composição molecular do plástico, usando água quente e alta pressão para transformar o material novamente em óleo. “O que estamos fazendo é simplesmente pegar o plástico e transformá-lo novamente nos líquidos de onde o material veio”, explica Humphreys.
Diferente do processo tradicional de reciclagem, esta tecnologia não requer a separação do plástico em diferentes tipos e cores e pode reciclar tudo – de caixas de leite a roupas de mergulho passando até por subprodutos de madeira. Além disso, a tecnologia traz a possibilidade de produtos de plástico serem reciclados várias vezes.
Microplásticos derivados de veículos estão inundando os oceanos
Dezenas de milhares de toneladas de microplásticos provenientes do tráfego rodoviário vão parar nos oceanos do mundo a cada ano, transportados pelas correntes de ar, afirma uma nova pesquisa divulgada no dia 14/07, pela revista científica Nature Communications.
O resultado do estudo confronta a ideia de que os rios são a principal fonte de poluição oceânica. Segundo os cientistas, um terço de todo o microplástico produzido pela poluição rodoviária (estimado entre 40 mil e 100 mil toneladas) é despejado nos oceanos a cada ano, em comparação com as 65 mil toneladas de microplásticos que vão parar no mar pelos rios.
Para o estudo em questão, pesquisadores da Noruega e da Áustria se concentraram particularmente em microplásticos derivados de pastilhas de freio e pneus de veículos rodoviários. Eles coletaram dados sobre a quantidade desses microplásticos que é dispersa no ar, e os combinaram com simulações de onde eles poderiam ser transportados pelas correntes de vento.
Emissões mundiais de metano batem recorde, alertam cientistas
As emissões de metano – gás do efeito estufa várias vezes mais potente que o dióxido de carbono – aumentaram em 9% ao ano ao longo de uma década e alcançaram níveis recordes, impulsionadas pela fome insaciável da humanidade por energia e alimentos, segundo dois estudos divulgados no dia 15/07.
O metano (CH4) tem um potencial de aquecimento atmosférico 28 vezes maior que o dióxido de carbono (CO2) durante um período de cem anos, e sua concentração na atmosfera mais do que duplicou desde a Revolução Industrial. Durante um período de 20 anos, ele é 86 vezes mais potente.
Em 2017, último ano com dados disponíveis, a atmosfera da Terra absorveu quase 600 milhões de toneladas de metano. Os autores do estudo ressaltam que as emissões anuais do gás aumentam cerca de 9% – ou 50 milhões de toneladas por ano – na comparação com a média dos anos de 2000 a 2006. Até então, as concentrações na atmosfera eram relativamente estáveis.
A nuvem mais gigantesca de poeira dos últimos 20 anos do Saara está chegando na Amazônia
Todos os anos o deserto do Saara, lá do lado oposto do Oceano Atlântico, sopra uma nuvem tão gigantesca de poeira em direção as Américas que foi apelidada de Godzilla.
A nuvem é formada quando intensas tempestades e fortes ventos elevam a poeira do Saara para a atmosfera, evento que começa em meados de junho. Durante alguns meses a poeira é transportada pela atmosfera.
O mais comum é que boa parte da nuvem afunde no mar, servindo de alimento para o plâncton. Ao chegar no continente pode ser danosa para a respiração humana e influenciar os ecossistemas, inclusive fertilizando a floresta amazônica. Parece que a pluma também interfere na geração de furações e tempestades tropicais.