Proteger as florestas tropicais é essencial para evitar o surgimento de novas doenças — e isto é muito mais barato do que lidar com crises de saúde pública
Um artigo publicado na última sexta-feira (24) na Science relaciona a devastação das florestas tropicais com o surgimento de novas pandemias, como a da Covid-19. A publicação é fruto de um estudo conduzido por 18 pesquisadores de diferentes instituições norte-americanas. Nela, os cientistas revelam que prevenir o surgimento de novas doenças pela preservação do meio ambiente é até 500 mais barato do que lidar com os impactos de uma pandemia.
Diversas doenças perigosas para os seres humanos e com potencial pandêmico podem surgir após o contato de indivíduos da nossa espécie com o de outras. No caso do Sars-CoV-2, por exemplo, os pesquisadores acreditam que o microrganismo seja proveniente de um tipo de coronavírus conhecido por atingir morcegos.
Tendo isso em mente, os especialistas explicam que a exploração do habitat natural de outras espécies, como as florestas tropicais, aumenta as chances de contato entre humanos e animais que, de outra forma, pemaneceriam intocados. Este contato, por sua vez, leva a uma maior chance de um vírus prejudicial “saltar” de uma espécie para a outra.
No novo estudo, os pesquisadores sugerem expandir o monitoramento de habitats naturais e acentuar os programas de proteção e o controle do comércio de animais silvestres. Em muitas regiões da China, por exemplo, o consumo de espécies selvagens simboliza status, além de ser uma prática cultural.
Análise econômica
O artigo da Science indica que a preservação das florestas tropicais através de vários programas de monitoramento e restauração custaria, globalmente, entre US$ 22,2 e 30,7 bilhões a cada ano. A quantia é 500 vezes menor do que a pandemia de Covid-19 irá custar à economia global: entre US$ 8,1 e US$ 15,8 trilhões.
“A pandemia incentiva a fazer algo que atenda a preocupações imediatas e ameaçadoras para os indivíduos, e é isso que move as pessoas”, disse Les Kaufman, coautor da pesquisa e professor de biologia da Universidade de Boston, nos Estados Unidos, em declaração. “Nada parece mais prudente do que nos dar mais tempo para lidar com esta pandemia antes que a próxima [ocorra].”
Fonte: Revista Galileu