Estudo aponta o aumento da temperatura da água e alteração na salinidade como evidências da ação humana na saúde dos mares
Cientistas da Universidade de Reading descobriram que o impacto negative das ações humanas já está afetando a vida marinha em larga escala. Metade dos oceanos já apresenta efeitos causados pelas mudanças climáticas, sendo o aumento da temperatura da água marinha e alterações em sua salinidade indicadores deste impacto.
O estudo usou modelos climáticos e observação da vida marinha para estabelecer o ponto em que estas alterações podem ser comprovadamente atribuídas à ação humana.
Efeitos acelerados
De acordo com os resultados, mais da metade dos oceanos Atlântico, Pacífico e Índico podem ser consideradas afetadas por mudanças climáticas e a previsão, se nada for feito, é que este percentual chegue a 80% em 60 anos.
Oceanos do Hemisfério Sul são afetados mais rapidamente, com alterações significativas sendo detectadas desde a década de 80.
O estudo, publicado pela Nature Climate Change, é um dos primeiros a incluir observação da vida marinha em grandes profundidades, onde os impactos das mudanças climáticas são muito mais difíceis de serem mensurados.
Os cientistas acreditam que o estudo em grandes profundidades é um indicador vital para da saúde dos oceanos a longo prazo, uma vez que as mudanças climáticas vão ser sentidas nas águas profundas por séculos.
Mudanças mais difíceis de medir
“Estamos interessados em determinar a variação das mudanças de temperatura e salinidade para além do que acontece naturalmente e o quanto esta variação impacta nas águas mais profundas”, explica Yona Silvy, doutoranda na LOCEAN-IPSL da Universidade de Sorbonne e uma das autoras do estudo.
“Estas mudanças afetam as marés no mundo, elevam o nível do mar e são uma ameaça para a sociedade humana e para o ecossistema”, alerta a pesquisadora.
Para o professor Eric Guilyardi, outro autor do estudo, as alterações de temperatura das águas superficiais já são detectadas há décadas. “Mas as mudanças de temperatura em áreas tão vastas e em águas profundas são muito mais difíceis de medir”, conta ele.
Apesar da dificuldade em apontar estes dados, o estudo conseguiu identificar variação na temperatura de águas profundas em metade dos oceanos avaliados, um indicador das graves consequências das mudanças climáticas para o planeta e para a vida da humanidade neste ecossistema.
Fonte: Terra