Pesquisadores detectaram uma queda significativa na reprodução das abelhas que vivem na área de exclusão em Chernobyl, próximas à antiga usina nuclear cujo quarto reator explodiu em 1986, causando o maior desastre nuclear da história.
O estudo, publicado nesta quarta-feira (21) na revista Proceedings of the Royal Society B, teve como objetivo descobrir como a radiação ionizante afeta insetos, que muitas vezes são considerados mais resistentes do que outros grupos animais. A descoberta dos efeitos negativos impressionou os pesquisadores.
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“Descobrimos que em níveis de radiação detectáveis em Chernobyl, o número de novas abelhas rainhas produzidas na colônia foi significativamente reduzido e o crescimento da colônia atrasou”, disse a autora principal do estudo, Katherine Raines, à AFP.
Para a realização do estudo, pesquisadores na Escócia e na Alemanha expuseram colônias de abelhas em um laboratório a níveis de radiação equivalentes aos encontrados na zona de exclusão de Chernobyl. Notou-se, então, que a reprodução dos insetos em suas colônias foi reduzida entre 30% a 45%.
Raines, que é professora de poluição ambiental da Universidade de Stirling, na Escócia, disse à AFP por e-mail que os pesquisadores “antecipam que isso pode ter um efeito sobre a polinização e os serviços ecossistêmicos em áreas contaminadas.”
“Nossa pesquisa sugere que os insetos que vivem nas áreas mais contaminadas em Chernobyl podem sofrer efeitos adversos, com consequências subsequentes para os serviços do ecossistema, como a polinização”, acrescentou a pesquisadora.
O estudo ainda sugere que “os insetos sofrem consequências negativas significativas em taxas de dosagem antes consideradas seguras” e pedem que haja revisões do quadro internacional para a proteção radiológica do meio ambiente local.
É importante lembrar que, desde o acidente, as pessoas não têm permissão para viver perto da usina de Chernobyl ou nas construções abandonadas próximas à zona de exclusão.
Fonte: Galileu