Um novo estudo da Universidade de Lincoln, no Reino Unido, vai de encontro à ideia de que a destruição das civilizações medievais que viviam na Ásia Central foi resultado direto da invasão mongol no início do século 13. O artigo, publicado na última segunda-feira (14) no periódico Proceedings of the National Academy of Sciences, propõe que o colapso teria se dado por conta de alterações no clima.
A bacia do Mar de Aral e os principais rios que fluem pela região já foram o lar de civilizações fluviais avançadas que usavam a irrigação com água de inundação para a agricultura. O estudo reconstruiu os efeitos das mudanças climáticas no cultivo de inundações na região e descobriu que a diminuição do fluxo do rio foi igualmente, senão mais, importante para o abandono dessas comunidades.
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“Nossa pesquisa mostra que foi a mudança climática, e não Genghis Khan, a última causa do desaparecimento das civilizações esquecidas dos rios da Ásia Central.”, disse, em nota, Mark Macklin, autor e diretor do Centro Lincoln para Água e Saúde Planetária da universidade.
A pesquisa se concentrou nos sítios arqueológicos e canais de irrigação do oásis Otrar. Este é um local do Patrimônio Mundial da Unesco que já foi um centro de comércio da Rota da Seda, localizado no ponto de encontro dos rios Syr Darya e Arys, no atual sul do Cazaquistão. Os pesquisadores viram que o abandono dos sistemas de irrigação corresponde a uma fase de erosão do leito do rio entre os séculos 10 e 14, que coincidiu com um período seco, e não corresponde à invasão mongol.
Segundo o pesquisador, a Ásia Central se recuperou bem após as invasões árabes nos séculos 7 e 8 por causa das condições úmidas favoráveis. Entretanto, a seca prolongada durante e após a chegada do império mongol reduziu a resiliência da população local e impediu que ela se estabelecesse em escala de uma agricultura baseada na irrigação.
Fonte: Galileu