AstraZeneca tem dados sobre vacina questionados nos EUA

Especialistas alertam que informações de estudo clínico da farmacêutica estavam desatualizadas. Empresa reconhece que números eram "provisórios" e promete apresentar novas análises em 48 horas.

Inoculante da AstraZeneca é usado em mais de 70 países

A AstraZeneca afirmou nesta terça-feira (23/03) que divulgará em 48 horas dados de uma “primeira análise” de um estudo clínico de sua vacina contra a covid-19 realizado nos Estados Unidos, após reconhecer que os números divulgados na véspera eram anteriores a 17 de fevereiro.

O anúncio foi feito após especialistas americanos terem afirmado que os dados do estudo sobre a eficácia do inoculante estavam desatualizados.

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Em nota, a empresa admitiu que os resultados divulgados foram uma “análise provisória” com dados até 17 de fevereiro e assegurou que entrará “imediatamente” em contato com o Conselho de Monitoramento de Dados e Segurança dos Estados Unidos (DSMB) para fornecer cifras atualizadas.

Alerta

Composto por um painel de especialistas independentes que assessora o governo americano, o DSMB expressou preocupação na segunda-feira com as informações publicadas pela AstraZeneca, alertando para a falta de atualidade dos dados, os quais “podem ter fornecido uma visão incompleta” sobre a eficácia da vacina.

Nos resultados, divulgados apenas horas antes do alerta do DSMB, a farmacêutica anglo-sueca afirmou que sua vacina contra a covid-19 é 79% eficaz na prevenção dos sintomas da covid-19, incluindo em idosos, de acordo com um estudo realizado nos EUA com mais de 30 mil pessoas. A farmacêutica afirmou que o medicamento é 100% eficaz na prevenção de formas graves da doença e de hospitalização.

A AstraZeneca também disse que os monitores de segurança independentes do estudo não encontraram efeitos colaterais graves na vacina. Também não identificaram nenhum aumento no risco de formação de coágulos sanguíneos como os identificados na Europa e que levaram vários países a suspender temporariamente as vacinações no início da semana passada.

Na quinta-feira, a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) considerou o imunizante “seguro e eficaz”, e o uso da vacina foi retomado em alguns países.

Fiocruz

A vacina da AstraZeneca, que está em processo de aprovação pelos órgãos sanitários dos Estados Unidos, é usada em mais de 70 países, incluindo o Brasil, onde é produzida pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

O preparado é considerado importante aliado na luta contra a pandemia, por ser mais barato e mais fácil de transportar e estocar que os outros imunizantes.

Na semana passada, a Fiocruz afirmou que estudos preliminares indicam que a vacina da AstraZeneca é eficaz contra a variante brasileira do coronavírus.

Fonte: Deutsche Welle