Cientistas decifram como réptil ancestral de pescoço gigantesco vivia

Animais com pescoços longos não são tão estranhos para nós e estão espalhados por diferentes famílias. Entre os mamíferos, nós temos as girafas e também conhecemos algumas aves, como avestruzes e emas. Porém, entre os répteis essa é uma característica que não costuma ser muito encontrada. 

Por conta disso, uma espécie específica do período Triássico chamada Tanystropheus vem intrigando os paleontólogos há pelo menos 170 anos. O réptil ancestral possuía um pescoço gigantesco e, além disso, com ossos extremamente longos, o que gerava muitas dúvidas sobre como ele fazia para viver, se alimentar, se proteger de predadores, entre outras coisas. 

Leia também:

Contudo, com o uso de tecnologias como tomografias computadorizadas, cientistas da Universidade de Zurique, na Suíça, e do Museu de Campo de Chicago, nos Estados Unidos, conseguiram decifrar alguns desses enigmas. 

A partir de um crânio esmagado e mais uma série de fragmentos de outros ossos, os pesquisadores perceberam estar diante de duas espécies diferentes, que foram denominadas como Tanystropheushydroides e Tanystropheuslongobardicus, sendo que este segundo se tratava da espécie tida como a original. 

“A partir de um crânio fortemente esmagado, fomos capazes de reconstruir um crânio 3D quase completo, revelando detalhes morfológicos cruciais”, declarou o especialista em evolução de répteis do Triássico na Universidade de Zurique, Stephan Spiekman. 

Crocodilo ‘pescoçudo’?

Ilustração mostra a arquetetura craniana e corporal do Tanystropheus. Crédito: Spiekman et al., Current Biology, 2020

Com tudo organizado e todos os fragmentos de ossos montados como em um quebra-cabeças, os pesquisadores descobriram que, provavelmente, o animal se sentia muito confortável na água. A conclusão se deu por conta do crânio com narinas empoleiradas, muito similares ao encontrado no focinho dos crocodilos modernos. 

Com essa arquitetura craniana, acredita-se que os Tanystropheus eram predadores muito habilidosos em fazer emboscadas e manter os pulmões cheios de ar enquanto aguardavam a passagem de suas refeições. 

As presas dão a entender que eram uma armadilha eficiente para caçar camarões, no caso dos animais menores, e peixes e lulas, quando se trata dos maiores. Isso surpreendeu bastante os pesquisadores, já que, em geral, animais de pescoço longo usam esse órgão para pegar folhas no alto de árvores. 

Ilustração mostra o Tanystropheus cacçando um peixe. Crédito: Emma Finley-Jacob

Portanto, concluem os cientistas, apesar de ainda existirem muitas dúvidas sobre os Tanystropheus, é possível imaginá-los como animais muito parecidos com crocodilos, mas com o pescoço tão grande quanto o de uma girafa, que passava seus dias com a boca entreaberta aguardando uma presa desavisada passar por ali para atacar.

Fonte: Olhar Digital