Até 10 anos atrás, nossa compreensão sobre a formação da água no universo e como ela chega a um planeta era muito pequena. Lançado em 2009 pela Agência Espacial Europeia (ESA), o Telescópio Espacial Herschel foi feito para observar o espaço através do infravermelho, sendo capaz de procurar pela assinatura de água no cosmos. Agora, uma equipe internacional de astrônomos publicou um estudo que revela mais sobre as nuvens interestelares que abrigam moléculas de água.
O estudo, publicado na revista Astronomy & Astrophysics, foi realizado por uma equipe internacional liderada pelo astrônomo holandês Ewine van Dishoeck, da Universidade de Leiden, e procura descrever toda a trajetória da água no processo de formação estelar — inclusive seus estágios intermediários. Através dos dados coletados pelo espectrômetro de alta resolução (HIFI) do telescópio Herschel, os pesquisadores observaram que boa parte da água se forma em pequenas partículas congeladas nas nuvens de poeiras interestelares frias. Quando essas nuvens entram em colapso para formarem um novo sistema planetário, esta água fica amplamente armazenada nos discos protoplanetários.
Leia também:
No artigo, a equipe também revelou que a maioria dos sistemas planetários que se formam possuem uma quantidade de água capaz de encher milhares de oceanos. Dishoeck diz que: “é fascinante perceber que quando você bebe um copo de água, a maioria dessas moléculas foram feitas há mais de 4,5 bilhões de anos na nuvem a partir da qual nosso Sol e os planetas se formaram”.
Nos primeiros resultados do Herschel, os astrônomos observavam apenas o vapor de água próximo às estrelas recém-nascidas — o qual se perde para o espaço por conta dos ventos solares. No entanto, nesta nova revisão, o foco se tornou as nuvens frias de poeira, revelando que as partículas de gelo de água se formam nessas regiões.
O telescópio Herschel foi desativado em 2013, mas seus dados ainda rendem resultados relevantes como este. Agora, a equipe aguarda por um novo instrumento disponível no espaço para que novas pesquisas sejam feitas nessa direção, sobretudo a presença de água na formação de sistemas planetários — importante inclusive para entender como a água chegou ao planeta Terra. A previsão mais próxima é o lançamento do Telescópio Espacial James Webb, previsto para outubro deste ano.
Até lá, os pesquisadores usam o observatório terrestre Atacama Large Millimeter Array (ALMA) para observar moléculas de água em galáxias distantes. Apesar da interferência nas observações provocadas pela atmosfera terrestre, os astrônomos conseguem interpretar os dados do ALMA “graças ao legado do Herschel”.
Fonte: Canaltech