A Nasa anunciou nesta segunda-feira (12) mais detalhes sobre o problema que causou o adiamento do primeiro voo do helicóptero Ingenuity em Marte, e os passos que estão sendo tomados para corrigi-lo.
Segundo a agência um problema na execução de uma sequência de comandos foi encontrado durante um teste de rotação de alta velocidade dos rotores do helicóptero na última sexta-feira (9).
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Durante o fim de semana, a equipe considerou e testou várias soluções potenciais para este problema, e concluiu que pequenas modificações e reinstalação do software de controle de voo da Ingenuity são o melhor caminho a seguir.
Esta atualização de software modificará o processo pelo qual os dois controladores de voo inicializam, permitindo que o hardware e o software façam a transição com segurança para o estado de voo.
As modificações estão sendo revisadas e validadas de forma independente em bancos de teste no Laboratório de Propulsão a Jato (JPL) nesta segunda e terça-feira.
Embora o desenvolvimento da atualização de software seja algo relativamente simples, o processo de validá-lo e enviá-lo para o Ingenuity levará algum tempo. Segundo a Nasa, o upload do software será feito em passos cuidadosos e deliberados, que incluem:
- Diagnosticar o problema e desenvolver potenciais soluções (feito)
- Desenvolver, validar e enviar o software (em andamento)
- Carregar o software nos controladores de voo (a fazer)
- Inicializar o Ingenuity com o novo software (a fazer)
“Depois de ultrapassar esses marcos, prepararemos o Ingenuity para seu primeiro voo, algo que levará vários sóis” (nome dado aos dias em Marte), disse a equipe responsável pelo helicóptero. Ela espera definir uma nova data para o primeiro voo na próxima semana.
Um pinguim a bordo do Ingenuity
O sistema operacional do Ingenuity é o Linux. A informação foi mencionada por Tim Canham, engenheiro de software da agência espacial norte-americana em entrevista à IEEE Spectrum. “Esta é a primeira vez que levamos o Linux à Marte […] Nunca usamos o Linux antes, que eu saiba. Definitivamente, não nos rovers anteriores”, disse.
A opção pelo Linux foi resultado de outra escolha incomum: o Ingenuity é baseado no processador Snapdragon 801, da Qualcomm, um chip de 2014 equipado com 4 núcleos rodando a 2,5 GHz, que já foi usado em vários smartphones comercialmente disponíveis.
O helicóptero não é parte da missão principal do Perseverance, mas sim uma “demonstração de tecnologia” para provar ser possível voar em Marte. Por isso, foi construído com componentes comercialmente disponíveis (“off-the-shelf”, no jargão da indústria) e de baixo custo, em vez de soluções especialmente desenvolvidas para uso no espaço.
“Queríamos um processador poderoso e compacto para o helicóptero, e o melhor candidato era uma placa Snapdragon 801 que encontramos. Mas não existe uma versão do VxWorks para ela”, disse Canham à PC Magazine. “Certamente é uma vitória para o Linux”.
VxWorks é um sistema operacional em tempo real (RTOS) para sistemas embarcados desenvolvido pela norte-americana Wind River Systems, e foi usado pela Nasa em todos os seus rovers em Marte, incluindo o Perseverance.
Já o o software da Ingenuity é baseado no Linux e no FPrime, “framework” Open Source desenvolvido pela própria Nasa para “possibilitar o rápido desenvolvimento e implantação de aplicações de software embarcado para o voo espacial”.
Fonte: Olhar Digital