Uma análise publicada nesta terça-feira (11) pela Trillion Trees traz números positivos para o combate às mudanças climáticas: 58,9 milhões de hectares de florestas foram recuperados desde o ano 2000, o que corresponde a aproximadamente o tamanho da França. De acordo com o relatório, essa área de floresta tem o potencial de armazenar o equivalente a 5,9 gigatoneladas de gás carbônico — mais do que as emissões de CO2 anuais dos Estados Unidos.
Com apenas 12% da floresta original remanescente, a Mata Atlântica é um dos exemplos positivos trazidos pelo estudo, que mostrou regeneração de 4,2 milhões de hectares do bioma brasileiro ao longo das duas últimas décadas. Considerado um hotspot ecológico, a Mata Atlântica é uma das áreas mais ricas em biodiversidade e mais ameaçadas do planeta. Nela vivem cerca de 1,6 milhão de espécies de animais, segundo o Instituto Brasileiro de Florestas.
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Fruto de uma parceria entre as organizações ambientais BirdLife International, Wildlife Conservation Society (WCS) e World Wide Fund for Nature (WWF), a Trillion Trees também revelou que 1,2 milhão de hectares de floresta se regeneraram no deserto do norte da Mongólia durante o mesmo período. Além disso, pontos na África Central e nas florestas boreais do Canadá foram recuperados.
A organização, cujo nome em inglês (Trillion Trees) carrega a ambiciosa meta de regenerar um trilhão de árvores até 2050, observa que os resultados podem refletir a combinação de projetos de restauração florestal, práticas industriais mais responsáveis e o aumento da migração para as cidades. Mas ainda há muito a se fazer.
Para o diretor de Soluções Baseadas na Natureza da WWF do Reino Unido, William Baldwin-Cantello, já está clara qual deve ser a missão para reverter as perdas causadas pelas mudanças climáticas. “Sabemos há muito tempo que a regeneração de florestas naturais é muitas vezes mais barata, mais rica em carbono e melhor para a biodiversidade do que plantar novas florestas”, diz, em comunicado. “Essa pesquisa nos revela onde e por que essa regeneração está acontecendo, e como podemos recriar essas condições em outros lugares.”
Somente a regeneração, no entanto, não basta, ainda mais quando o desmatamento consome mais árvores do que a quantidade que é recuperada. Os autores também alertam que indicativos promissores de florestas regeneradas não podem ser encarados como permanentes. Para manter sua conservação duradoura, por exemplo, a Mata Atlântica precisa superar o desmatamento e, mais do que isso, recuperar sua extensão original em 30% — quase o triplo das áreas remanescentes atuais.
Mesmo assim, os dados do relatório representam um sinal esperançoso e foram celebrados pelo diretor executivo da Trillion Trees, John Lotspeich: “Esse mapa será uma ferramenta valiosa para que conservacionistas, gestores de políticas públicas e financiadores entendam melhor as múltiplas maneiras possíveis de trabalho para aumentar a cobertura florestal para o bem do planeta”, afirma.
Fonte: Galileu