As chamadas florações de algas nocivas (FANs) são um problema que tem aumentado mundo afora em decorrência da indústria da pesca e da exploração marinha. É o que aponta um estudo da Comissão Oceanográfica Intergovernamental da UNESCO divulgado nesta terça-feira (8). O levantamento avaliou 9.503 eventos de proliferação dessas algas que ocorreram em todo planeta ao longo de 33 anos.
A descoberta, publicada na revista Nature Communications Earth & Environment, é resultado do trabalho de 109 cientistas de 35 países, que estudaram o tema ao longo de sete anos. Eles notaram que as FANs aumentaram em algumas regiões do mundo e diminuíram ou se estabilizaram em outras.
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Essas florações se concentraram principalmente nas américas Central e do Sul, no Mediterrâneo e no norte da Ásia. Por outro lado, houve uma diminuição na costa oeste dos Estados Unidos, na Austrália e na Nova Zelândia. Não foram observadas mudanças significativas na costa leste dos EUA, no Sudeste Asiático nem na Europa.
Dentre os maiores impactos das FANs identificados no estudo estão contaminação de frutos do mar com toxinas, aumento do fitoplâncton, mortalidade em massa de animais ou plantas e efeitos como produção de espuma e “muco marinho”.
Para chegarem a essas conclusões alarmantes, os cientistas consideraram o banco de dados global HAEDAT, que é especializado em florações de algas nocivas. Também foram incluídos no estudo 7 milhões de registros de microalgas, inclusive informações sobre quase 290 mil espécies tóxicas, que estavam disponíveis no Sistema de Informação da Biodiversidade Oceânica (OBIS).
O que chamou a atenção dos pesquisadores foi que a criação de seres vivos em ambientes aquáticos, conhecida como aquicultura, aumentou 16 vezes de 1985 a 2018. No primeiro ano avaliado, esse setor movimentava 11,35 milhões de toneladas de frutos do mar, mas tal número subiu para 178,5 milhões de toneladas 33 anos depois.
Segundo os autores, o aumento de FANs está diretamente relacionado à intensificação da aquicultura, embora também tenham crescido os esforços de monitoramento da proliferação de algas para que a própria indústria possa se sustentar e proteger a saúde humana.
A pesquisa estima ainda que houve 3,8 mil casos de envenenamento por moluscos contaminados por microalgas no mundo de 1985 a 2018. A maior incidência foi nas Filipinas, onde morreram 165 pessoas e houve cerca de 2,5 mil registros. Por outro lado, no oeste da América do Norte e no Alasca, há maior mortalidade de mamíferos marinhos intoxicados pelas chamadas toxinas amnésicas de marisco.
“Nosso estudo conclui que os danos à saúde e econômicos causados por microalgas prejudiciais — envenenamento por frutos do mar, descoloração da água que prejudica o turismo e a morte de peixes finos em operações de aquicultura, por exemplo — diferem entre as regiões”, resume Hallegraeff. segundo conta Gustaaf M. Hallegraeff, principal autor do estudo, em comunicado.
Fonte: Galileu