Existem muitos fatores a serem considerados em relação a uma possível futura exploração humana em Marte. Diferentemente de equipamentos robóticos, como um rover, um drone ou uma sonda, um ser humano necessita, apenas para dizer o básico, de oxigênio para respirar e comida para se alimentar. Isso, sem falar dos efeitos que uma viagem tão longa e atípica ao espaço profundo pode causar no organismo de um astronauta.
São desafios como esses que a geoquímica da Universidade de Nevada-Las Vegas (UNLV) Libby Hausrath, cientista da equipe da missão Mars 2020 da NASA, e a pesquisadora de pós-doutorado Leena Cycil, bióloga especializada em ecologia microbiana, vêm explorando. E a chave para alguns desses impasses está, segundo elas, nas algas extremófilas.
Esse tipo de alga é conhecido por sua capacidade de prosperar em ambientes extremos, como montanhas de neve de altíssimas altitudes ou lagos hipersalinos. Essas plantas consomem dióxido de carbono (CO2), que utilizam para produzir oxigênio. E o ar marciano é 98% composto por CO2, também chamado de gás carbônico. Além disso, as algas são comestíveis e ricas em nutrientes.
“Se quisermos realizar a exploração espacial a longo prazo com pessoas no lugar de rovers e sondas, isso exigirá o desenvolvimento de um sistema de suporte de vida autossustentável — alimentos e ar respirável”, disse Leena.
Até agora,a equipe identificou três espécies de algas que obtêm crescimento substancial em condições extremas. Elas usaram uma câmara a vácuo de baixa pressão para simular a pressão atmosférica de Marte e a cobriram com uma placa de vidro temperado para permitir a entrada de uma quantidade de luz equivalente à metade da exposição solar presente na Terra.
As três cepas de algas são: Dunaliella salina, que é tipicamente encontrada em todo o mundo em lagos de água salgada; Cloroonas brevispina, que existe em ambientes nevados, e Chlorella vulgaris, usada principalmente como suplemento proteico e frequentemente encontrada em habitats naturais de água doce.
Suas descobertas sobre o crescimento sob baixa pressão foram publicadas na Frontiers of Microbiology, com outra publicação sobre algas crescentes em níveis de baixa luz chegando no início de 2023. A equipe liderada pela dupla estuda estrategicamente uma variável de cada vez para entender exatamente como cada uma afeta o desenvolvimento das plantas.
Segundo o site Phys, eles estão isolando certos traços em cada espécie de algas para descobrir qual combinação de características de algas são mais adequadas para Marte. Por exemplo, ter algas que crescem a baixa pressão é potencialmente mais importante do que o crescimento com um tipo específico de iluminação, porque a iluminação é mais fácil de manipular do que a pressão. A esperança é que as condições do laboratório possam ser recriadas em estufas na superfície do Planeta Vermelho.
Fonte: Olhar Digital