Um estudo publicado nesta terça-feira (25) na revista científica Astrobiology afirma que um dos micróbios mais resistentes da Terra poderia sobreviver em Marte, adormecido abaixo da superfície, por 280 milhões de anos. Essa descoberta aumenta a probabilidade de que a vida microbiana ainda possa existir no Planeta Vermelho.
Um estudo publicado nesta terça-feira (25) na revista científica Astrobiology afirma que um dos micróbios mais resistentes da Terra poderia sobreviver em Marte, adormecido abaixo da superfície, por 280 milhões de anos. Essa descoberta aumenta a probabilidade de que a vida microbiana ainda possa existir no Planeta Vermelho.
Liderada por Michael Daly, professor de patologia na Universidade das Ciências da Saúde em Maryland, nos EUA, e membro do Comitê Nacional de Proteção Planetária da Academia Nacional, a pesquisa testou meia dúzia de micróbios e fungos — todos extremófilos, ou seja, capazes de viver em ecossistemas hostis o bastante para matar outros seres — para ver quanto tempo poderiam sobreviver em um ambiente que simulava as latitudes médias de Marte.
Durante os experimentos, os organismos enfrentaram temperaturas de até 63 graus Celsius negativos e exposição à luz ultravioleta, raios gama e prótons de alta energia imitando o bombardeio constante de Marte pela luz solar e pela radiação cósmica do espaço.
Depois disso, a equipe mediu a quantidade de antioxidantes de manganês que haviam acumulado nas células dos micróbios. Antioxidantes de manganês se formam como resultado da exposição à radiação, e quanto mais se acumula, mais radiação os micróbios podem resistir.
De todos os extremófilos verificados, “Conan, a Bactéria”, foi a vencedora. Os pesquisadores descobriram que esse supermicróbio poderia absorver até 28 mil vezes mais radiação do que a taxa à qual um humano consegue sobreviver. Tal medição permitiu que os cientistas estimassem quanto tempo ela poderia sobreviver em diferentes profundidades em Marte.
Experimentos anteriores, nos quais a superbactéria havia sido suspensa em água líquida e submetida a radiação semelhante à encontrada em Marte, indicaram que esse ser poderia sobreviver abaixo da superfície marciana por 1,2 milhão de anos.
No entanto, os novos testes, por meio dos quais o micróbio foi congelado e seco para imitar as condições frias e secas de Marte, sugeriram que ele seria capaz de sobreviver 280 milhões de anos no Planeta Vermelho se estivesse enterrado a uma profundidade de 10 metros. Esta expectativa de vida é reduzida para 1,5 milhão de anos se a superbactéria for enterrada apenas 10 centímetros abaixo da superfície, e apenas algumas horas sobre o solo, que é metralhado por luz ultravioleta.
Há 280 milhões, Marte era praticamente o mesmo de agora – frio e seco. Isso quer dizer que é preciso voltar muito mais longe no tempo para encontrar um período em que o ambiente por lá estava mais quente e molhado, o que poderia ter permitido que a hipotética vida marciana se estabelecesse em primeiro lugar.
Daly reconhece essa complicação, mas acredita que existam maneiras de a vida ter encontrado ambientes para se proliferar mesmo após a dramática mudança climática de Marte.
“Embora os radiorresistentes Deinococcus enterrados na subsuperfície marciana não pudessem sobreviver adormecidos pelos estimados dois a 2,5 bilhões de anos desde que a água corrente desapareceu em Marte, esses ambientes são regularmente alterados e derretidos por impactos de meteoritos”, disse ele em um comunicado. “Sugerimos que o derretimento periódico poderia permitir repopulação intermitente e dispersão”.
Missões robóticas de exploração do planeta atualmente em busca de sinais de vida podem atingir grandes crateras com menos de 280 milhões de anos. A Cratera Gale, que o rover Curiosity, da NASA, está investigando, por exemplo, tem 3,8 bilhões de anos. A Cratera Jezero, local de operação do rover Perseverance, tem, provavelmente, uma idade semelhante.
Os cientistas descobriram que cromossomos e plasmídeos nas células de “Conan, a Bactéria” estão conectados, o que mantém essas estruturas alinhadas e impede que as células irradiadas se quebrem até que possam ser reparadas.
De acordo com o site Space.com, essa durabilidade significa que futuras missões, como o rover Rosalind Franklin, da Agência Espacial Europeia (ESA), projetado para cavar profundamente o solo de Marte em busca de vida microbiana, tem grandes chances de encontrar um primo marciano de “Conan, a Bactéria”, caso exista.
Fonte: Olhar Digital