A Assembleia Geral da ONU confirmou nesta sexta-feira (18/06) um segundo mandato para o português António Guterres como secretário-geral das Nações Unidas.
Guterres ficará mais cinco anos à frente da organização a partir de 2022, num momento em que o mundo enfrenta, além de conflitos e dos impactos crescentes das mudanças climáticas, a pandemia de covid-19 e suas consequências.
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Embaixadores aplaudiram quando o presidente da Assembleia Geral, Volkan Bozkir, anunciou a reeleição de Guterres por aclamação. “Tenho a honra de anunciar que sua excelência António Guterres foi nomeado por aclamação secretário-geral das Nações Unidas para um segundo mandato, que terá início em 1º de janeiro de 2022 e terminará em 31 de dezembro de 2026”, disse Bozkir.
Logo antes do anúncio, o embaixador da Estônia na ONU e atual presidente do Conselho de Segurança, Sven Jürgenson, leu uma resolução adotada pelos 15 membros do órgão recomendando Guterres para um segundo mandato.
De acordo com a Carta da ONU, a Assembleia Geral elege o secretário-geral após recomendação do Conselho de Segurança. Guterres havia recebido o respaldo do conselho em 8 de julho.
Guterres foi o único candidato nomeado por um Estado-membro da ONU, seu país natal, Portugal, onde foi primeiro-ministro entre 1995 e 2002. Entre 2005 e 2015, ele atuou como Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados.
Sua reeleição, longe de ser uma surpresa, foi considerada o passo lógico dentro do órgão, visto que durante décadas todos os chefes das Nações Unidas cumpriram dois mandatos, com exceção do egípcio Boutros Ghali, cuja reeleição foi vetada em 1996 pelos Estados Unidos.
“Multilateralista devoto”
Após a sua reeleição, Guterres discursou na Assembleia geral, declarando-se um “multilateralista devoto” e voltando a defender a distribuição de vacinas contra a covid-19 pelo mundo como “prioridade mundial absoluta”.
Guterres também defendeu um sistema socioeconômico mundial mais equitativo, solidário e igualitário e uma “recuperação justa, verde e sustentável” após a pandemia.
“Estima-se que 114 milhões de empregos foram perdidos, mais de 55% da população mundial ficou sem qualquer forma de proteção social e, pela primeira vez em 20 anos, a pobreza está a aumentar, com entre 119 e 124 milhões de pessoas caídas na pobreza extrema em 2020”, declarou Guterres sobre a pandemia, um dos mais graves desafios para a ONU em seus 75 anos de história. O político e diplomata chamou a atenção para o sofrimento das mulheres em todo o mundo, particularmente afetadas na crise.
Guterres também defendeu como prioridades para o “sistema internacional” a “prevenção e preparação” diante da ameaça de conflitos, novas pandemias e outros “riscos existenciais”.
Como desafios globais, o secretário-geral da ONU citou as mudanças climáticas, a perda de biodiversidade, a poluição ambiental, o declínio dos direitos humanos e a falta de regulamentação no ciberespaço.
O político português assumiu o cargo de secretário-geral da ONU em janeiro de 2017, como sucessor de Ban Ki-moon e após derrotar um grande número de candidatos, entre eles personalidades de renome no cenário internacional, como a atual diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, e a então diretora-geral da Unesco, Irina Bokova.
Fonte: Deutsche Welle