Utilizados em plásticos para aumentar a maleabilidade do material, os ftalatos também estão em locais onde não deveriam — como no interior de ovos de gaivota-prateada (Larus argentatus) coletados no Reino Unido.
Cientistas da Universidade de Exeter, na Inglaterra, e da Universidade de Queensland, na Austrália, constataram a presença do aditivo químico em ovos recém-colocados e alertaram para os possíveis prejuízos aos filhotes, bem como para a saúde das mães dessa espécie, que habita diversos países do Hemisfério Norte.
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Ainda não se sabe detalhes do impacto do ftalato no desenvolvimento embrionário, mas um dos efeitos estimados é o aumento do estresse oxidativo, que já pode ocorrer naturalmente durante o processos de amadurecimento e eclosão dos ovos.
Para evitar a condição estressante nas células, a mãe geralmente transmite nutrientes como lipídios e vitamina E aos embriões. Mas o composto plástico tem potencial de agir no sentido contrário no corpo. “Infelizmente, nossos achados sugerem que as mães estão inadvertidamente transmitindo ftalatos e produtos que causam danos lipídicos — e ovos com maior contaminação por ftalato também contêm maiores quantidades desses danos e menos vitamina E”, explica o professor Jon Blount, da Universidade de Exeter, em comunicado.
Os resultados da análise dos 13 ovos de gaivota-prateada encontrados com ftalato estão disponíveis desde a última quinta-feira (17) em artigo publicado na revista Marine Pollution Bulletin. “Ao testar os ovos, nosso estudo nos dá um panorama da saúde da mãe”, afirma Blount. “Agora, mais pesquisas são necessárias para descobrir como os descendentes em desenvolvimento são afetados por serem expostos a ftalatos antes mesmo de emergirem como um filhote.”
A pesquisa não confirmou onde as gaivotas-prateadas adquiriram o composto sintético, mas, além de o ftalato já ter sido encontrado em animais dos quais as aves se alimentam, elas são conhecidas por engolir plástico. “Precisamos olhar mais profundamente para as ameaças generalizadas dos plásticos — não apenas a quebra de itens plásticos em si, mas também a dispersão dos múltiplos produtos químicos que eles carregam”, conclui o pesquisador.
Fonte: Galileu