Pesquisadores analisaram ossadas de 12 mil anos, encontradas em um cemitério no centro da Itália, e descobriram que a poluição por metais já afetava a saúde da humanidade muito antes da Revolução Industrial. As conclusões do estudo foram publicadas nesta segunda-feira (26) na revista científica Environmental Science and Technology.
Os autores da pesquisa, liderados por uma equipe da Universidade Hebraica de Jerusalém (HU), consideraram fragmentos de ossos de 130 pessoas que viviam em Roma desde o início de período Neolítico até o século 17. Eles analisaram a presença de chumbo ao longo do tempo nas ossadas e perceberam que a poluição vinha da cadeia de produção desse metal.
Segundo os pesquisadores, à medida que a fabricação mundial de chumbo foi aumentando, também subiram as taxas do material encontradas na população. O problema afetava até quem não trabalhava diretamente com a matéria-prima, mas apenas a inalava. “(…) Quanto mais chumbo produzimos, mais pessoas provavelmente o absorvem em seus corpos. Isso tem um efeito altamente tóxico”, explica Yigal Erel, que liderou o estudo, em comunicado.
O estudo aponta ainda que um grande impulso na produção de chumbo ocorreu há 2,5 mil anos, destinada à fabricação de moedas, e teve pico no Período Romano. Na Idade Média, o metal foi menos produzido, mas seu uso foi retomado há cerca de mil anos, estimulado pela mineração de prata na Alemanha e pela exploração no continente americano. Finalmente, na Revolução Industrial, o material também foi muito utilizado, sendo introduzido mais tarde nas fábricas do século 20.
Ao longo de sua história, o impacto do chumbo na saúde humana foi evidente. Isso preocupa os pesquisadores, que entendem que o passado alerta para nosso atual mundo industrializado. Existe hoje uma alta demanda de metais na fabricação de dispositivos eletrônicos, baterias, painéis solares etc., mas também esse tipo de poluição pode contaminar o ar que respiramos e os solos onde são cultivados alimentos.
“A estreita relação entre as taxas de produção de chumbo e as concentrações em humanos no passado sugere que, sem regulamentação adequada, continuaremos a sofrer os impactos prejudiciais à saúde da contaminação por metais tóxicos”, observa Erel.
“Qualquer uso expandido de metais deve ir de mãos dadas com a higiene industrial, a reciclagem de metal idealmente segura e uma maior consideração ambiental e toxicológica na seleção de metais para uso industrial”, completa.
Fonte: Galileu