Pastagens ocupam 75% das áreas desmatadas em terras públicas não destinadas na Amazônia, revelou um estudo do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) publicado na terça-feira (26).
Em pouco mais de duas décadas, entre 1997 e 2020, foram desmatados 8% das florestas públicas existentes da Amazônia Legal, um total de 21 milhões de hectares. A área devastada neste período é maior que o estado do Paraná.
O problema não para por aí, segundo o Ipam: o desmatamento em terras públicas vem se intensificando nos últimos dez anos, período em que ocorreu 52% de todo o desmatamento registrado na área.
Veja o que mais revelou o estudo do Ipam:
- 44% de todo o desmatamento na Amazônia dos dois últimos anos (2019 e 2020) ocorreu em terras públicas;
- 67% do desmatamento registrado nas terras públicas em 2019 e 2020 aconteceu nas florestas não destinadas;
- 22% da área desmatada em terras públicas não destinadas na Amazônia é abandonada; Após 5 anos, essas terras apresentam algum grau de regeneração da vegetação;
- Conversão da floresta em pasto é “regra” em terras devolutas e florestas não destinadas na Amazônia
“A grilagem é um fator de risco para o equilíbrio climático do planeta, e ainda carrega para o setor da pecuária dois problemas: ilegalidade e mais emissões de gases do efeito estufa”, diz o pesquisador sênior do Ipam, Paulo Moutinho.
De acordo com a nota técnica do estudo, o boi criado nessas áreas públicas desmatadas e griladas é vendido para outras fazendas, e, “mais cedo ou mais tarde, acaba invariavelmente em um frigorífico. Como as empresas não monitoram o cumprimento de regramentos sociais e ambientais de seus fornecedores indiretos, ele não é computado como carne de desmatamento ilegal”.
Ao todo, a Amazônia Legal tem 276,5 milhões de hectares de florestas públicas.
Fonte: G1