“Ouçam os jovens”, apela papa antes da cúpula do clima

Em declaração no início da COP26, Francisco diz que crises oferecem também oportunidade e afirma que passado mostrou a importância de ouvir os mais jovens.

Greta Thumberg e outros ativistas em protestos antes da COP26

O papa Francisco fez um apelo, em declaração divulgada neste domingo (31/10), dia que marca o início da cúpula climática (COP26) na Escócia, para que se escutem os jovens sobre os desafios que a humanidade enfrenta, entre eles as mudanças climáticas.

“O passado recente mostrou que foram, sobretudo, os nossos filhos que compreenderam a escala e a enormidade dos desafios enfrentados pela sociedade, especialmente a crise climática”, disse o pontífice.

“Temos de ouvi-los com o coração aberto. Devemos seguir o seu exemplo porque são sábios apesar da sua idade”, completou Francisco.

A declaração é parte do prólogo de um livro sobre a sua encíclica Laudato Sí. As encíclicas são consideradas atualmente os documentos papais com maior peso doutrinário. Elas são mensagens dirigidas por Francisco, em forma de carta, a toda a Igreja Católica.

A 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, em Glasgow, é primeira após uma pausa de dois anos devido à pandemia. Especialistas, negociadores e ativistas pressionam para que, nesta edição, países anunciem metas mais ousadas de corte de emissão de gases de efeito estufa.

A atual meta, fixada no Acordo de Paris de 2015, é um compromisso não vinculativo alcançado entre os países para que, até o fim deste século, a temperatura média do planeta não aumente mais que 1,5 ºC em relação aos níveis pré-industriais.

“Crises são janelas de oportunidade”

Na declaração, o papa disse que as crises “são também janelas de oportunidade: são ocasiões para reconhecer e aprender com os erros do passado”.

 “São também um tempo para mudarmos de velocidade, para mudarmos maus hábitos, a fim de podermos sonhar, criar e agir em conjunto para realizarmos futuros justos e equitativos”, acrescentou ele.

Francisco apelou para o desenvolvimento de “uma nova forma de solidariedade que valorize mais as pessoas do que o lucro, que procure novas formas de compreender o desenvolvimento e o progresso”.

 “Portanto, a minha esperança e a minha oração é que não saiamos desta crise da mesma forma como entramos nela”, disse ele.

O pontífice havia anunciado o seu desejo de participar da reunião de Glasgow, mas no último minuto o Vaticano enviou o secretário de Estado Pietro Parolin para o representar. 

Com este texto, Francisco assina o livro Laudato si Reader, publicado por ocasião da COP2. Nele, ativistas ambientais, embaixadores, homens e mulheres da Igreja relatam como a encíclica do papa Laudato si tem sido recebida em vários contextos em todo o mundo. 

Fonte: Deutsche Welle