É possível reduzir a temperatura no meio urbano através de uma medida tão simples quanto plantar árvores. Em algumas cidades na Europa, por exemplo, áreas arborizadas são, em média, até 12ºC mais frias do que espaços urbanos verdes sem árvores, aponta um novo estudo publicado na revista científica Nature Communications no último dia 23 de novembro.
Há muito tempo já se sabe que as árvores, com sua capacidade de fornecer sombra ao solo, são aliadas cruciais para a diminuição da temperatura nas cidades. Mas os dados sobre a sua eficácia na mitigação do calor urbano em diferentes contextos climáticos e em comparação com espaços verdes sem árvores ainda eram questões pouco exploradas.
Foi exatamente isso que fizeram os pesquisadores do Instituto de Ciência Atmosférica e Climática da Escola Federal de Tecnologia de Zurique (ETHZ, na sigla internacional), na Suíça. Para tanto, a equipe utilizou dados de satélites equipados com sensores de temperatura da superfície terrestre distribuídos em 293 cidades europeias.
Além de comparar as diferenças de temperatura entre áreas urbanas com árvores e espaços verdes sem árvores — que só têm vegetação rasa, por exemplo —, os autores da investigação também fizeram o mesmo cálculo para ambientes rurais cobertos por pastagens, florestas rurais e áreas construídas, também chamado de “tecido urbano”.
Os resultados indicam que cidades europeias com árvores são aproximadamente duas a quatro vezes mais frias do que os espaços urbanos sem árvores. Em comparação com o tecido urbano, as temperaturas no solo registradas em áreas urbanas com árvores eram, em média, 0 a 4º Kelvin mais baixas na região sul da Europa. Na Europa Central, a diferença foi ainda maior: 8 a 12 K.
Enquanto as árvores urbanas e as florestas rurais predominantemente diminuíram os números dos termômetros em todas as regiões europeias, o estudo concluiu que os espaços verdes urbanos sem árvores e as pastagens rurais exibiram “um pequeno benefício no resfriamento ou até mesmo um efeito no aquecimento” no sul europeu.
Antídoto contra o calor excessivo
O efeito de sombra proporcionado pelas árvores depende, entre outros fatores, de suas características morfológicas, de forma que aquelas com maior área foliar protegem o solo contra o calor excessivo com maior eficiência. Indepentemente disso, toda árvore atua como um antídoto contra as chamadas “ilhas de calor urbano”, efeito que deixa as cidades muito mais quentes do que as áreas rurais circundantes.
Com o avanço do aquecimento global mundo afora, o papel das árvores no resfriamento das cidades ganha contornos ainda mais significativos — só na Europa, dias de verão com calor extremo triplicaram desde 1950, segundo um estudo realizado por outro grupo de pesquisadores do ETHZ. “Em resumo, nossos resultados confirmam o alto potencial das árvores para mitigar o calor urbano na Europa”, conclui a pesquisa.
Fonte: Galileu