Um relatório produzido pela Rede Interamericana de Academias de Ciências (IANAS) e pela Rede Global de Academias de Ciência (IAP) apontou dados e previsões importantes sobre como as mudanças climáticas, principalmente as ondas de calor, afetam a saúde do povo americano, inclusive os brasileiros.
O relatório, ainda não corrigido, foi publicado no site do IAP no dia 8 de março e tem como objetivo relatar e propor soluções para os perigos diretos e indiretos do aquecimento global nas Américas. Segundo o documento, o Brasil está entre os países americanos com maior número de mortes por calor e também é uma das nações em que já foram documentadas associações entre exposição ao calor extremo e suicídio.
Para calcular os riscos das mudanças climáticas na América, o relatório analisou vários estudos de caso sobre os impactos do clima na saúde como consequência de mudanças climáticas perigosas, a exposição a esses perigos e a vulnerabilidade dos sistemas humanos às mudanças.
Em um dos estudos de casos, foram utilizadas informações de 1.869 hospitais do sistema público de saúde brasileiro com o intuito de avaliar como as ondas de temperaturas extremas, causadas pelo aquecimento global, afetam o Brasil. Todas as entradas hospitalares de pacientes entre 2000 e 2015 foram avaliadas para encontrar padrões de aumento de doenças em períodos de alta temperatura.
Percebeu-se que essas épocas estão diretamente ligadas ao aumento de ocorrências cardiovasculares, respiratórias e de diabetes nos hospitais brasileiros. No país, essas condições vitimam mais crianças, idosos e pessoas de baixa renda.
Outro fator relevante mencionado no estudo é a relação indireta do aumento das temperaturas com diagnósticos de doenças transmissíveis pela água 一 amebíase e cólera, por exemplo. Alguns estudos também sugerem que casos de diarreia cresçam 7% a cada grau aumentado na temperatura global.
Um problema de saúde pública recorrente é a contaminação por chuvas fortes e enchentes, intensificadas pelas mudanças climáticas. Esse fenômenos podem contaminar água potável através da infiltração de patógenos em reservas hídricas. Também é comum que o esgoto se misture com a água da chuva e provoque doenças, como a leptospirose.
Segundo o relatório, os países da América mais afetados por doenças transmissíveis em enchentes são o Brasil e o Peru. Ademais, também foi averiguado que a seca por conta de calor pode elevar os níveis de doenças, uma vez que o fenômeno aumenta o número de patógenos nos reservatórios de água potável.
Como parte do combate ao aquecimento global, o documento sugere que as unidades de saúde estejam preparadas como problemas como novas doenças, agentes infecciosos e desastres ligados a mudanças climáticas. A conscientização da população através da educação também é importante para evitar que as temperaturas aumentem ainda mais e o futuro do planeta seja comprometido.
As previsões da IANAS e da IAP apontam que, se o aquecimento global não for impedido, em 2050, haverá uma redução na disponibilidade global de alimentos, sendo os grandes afetados os Estados Unidos, o Canadá e o Brasil. Essa diminuição será principalmente de frutas e hortaliças. Também estima-se que haverá um aumento expressivo de mortes relacionadas ao clima.
Fonte: Galileu