Ondas de calor extremo que na era pré-industrial ocorriam uma vez a cada século agora devem se repetir ao menos a cada dois anos em quase todos os países do planeta até 2030. A estimativa consta em um estudo publicado nesta quinta-feira (6) na revista Communications Earth and Environment.
Para chegar a essa previsão, os pesquisadores consideraram os dados sobre emissões dos cinco maiores poluidores atmosféricos do mundo: China, Estados Unidos, União Europeia, Índia e Rússia. Também foram levadas em conta as promessas de redução de gases poluentes anteriores à COP26.
Um estudo de modelagem a partir dessas informações indicou que 92% dos 165 países estudados devem atravessar anos de calor extremo antes extremamente raros. “Isso realmente mostra a urgência e como estamos entrando em um mundo que é muito mais quente para todos”, afirmou em entrevista à Agência France Press Alexander Nauels, coautor do estudo.
A pesquisa também mostra que sem as emissões dos cinco maiores poluentes do mundo a partir de 1991 – ano em que o IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas) alertou pela primeira vez sobre as mudanças climáticas – a proporção de países afetados por essas ondas de calor seria cerca de 46% menor.
Embora os anos de calor intenso estejam previstos para todos os cantos do globo, eles devem afetar desproporcionalmente algumas regiões. Enquanto a África Tropical é a região que deve ter anos quentes com mais frequência, os países mais ao norte global são os que devem experimentar os maiores aumentos de temperatura.
Segundo os pesquisadores, o estudo consegue dar concretude ao aquecimento global, indicando quando e o quanto a Terra deve aquecer nos próximos anos. “Normalmente falamos sobre essas quantidades abstratas de emissões ou temperaturas globais, que nós conhecemos mas não conseguimos realmente sentir”, afirmou à AFP Lea Beusch, autora principal do estudo.
Fonte: Galileu