Para estudar como as mudanças climáticas afetam doenças e infecções, pesquisadores do Trinity College Dublin, na Irlanda, observaram a interação entre um hospdeiro (o crustáceo Daphnia magna) e um parasita (Ordosopora colligata, que afeta o intestino do D. magna) quando há uma grande variação de temperatura.
O animal infectado foi submetido a três regimes de temperatura: uma de temperatura constante, outra com variações diárias de 3ºC para mais ou para menos e uma terceira que envolveu uma onda de calor 6ºC acima da média por três dias.
Para avaliarem as mudanças, os pesquisadores observaram a fertilidade, a expectativa de vida, o progresso da infecção e a quantidade de esporos infectados no intestino do pequeno crustáceo durante a exposição a temperaturas diferentes. Com isso, os pesquisadores traduziram essas informações para um modelo estátistico que permitiu a comparar do impacto das três temperaturas no hospedeiro.
Os resultados do estudo foram publicados em 15 de fevereiro na eLife e mostram que o grau de infecção varia de acordo com a temperatura. Enquanto a infecciosidade do parasita foi reduzida durante o regime de variações de temperatura diárias; na onda de calor e no regime de temperatura constante, ela se manteve estável. Além disso, foi notado um aumento de esporos no trato intestinal do animal após uma onda de calor de 16ºC. Contudo, em temperaturas mais elevadas, os esporos foi reduzidos.
“Isso significa que mudanças nos padrões de variação climática, sobrepostas às mudanças nas temperaturas do ar devido ao aquecimento global, podem ter efeitos profundos e imprevistos na dinâmica das doenças”, afirma em comunicado Pepijn Luijckx, coautor do estudo e conferencista de biologia parasitária do Trinity College Dublin
Os autores também sugerem que os efeitos da variação de temperatura se diferem quando se aproxima da temperatura ideal para a vida e reprodução do parasita. Além disso, as diferentes respostas entre parasita e hospedeiro mostram que, em algumas circunstâncias específicas de temperaturas extremas e mudanças bruscas, os parasitas são capazes de suportar melhor do que seus hospedeiros.
Fonte: Galileu