Ativistas se grudam a quadro de Van Gogh em alerta às mudanças climáticas

Dois jovens do grupo Just Stop Oil se colaram à obra "Peach tree in blossom", exposta em Londres, que retrata região da França acometida por estiagem e sob risco de seca extrema

Imagens dos dois ativistas, Louis e Emily, grudados no quadro (Foto: Just Stop Oil)

Jovens do grupo ativista britânico Just Stop Oil (“Apenas Pare o Petróleo”, em tradução livre) estão se manifestando contra a exploração de petróleo e gás e as mudanças climáticas de uma forma inusitada. O caso mais recente ocorreu no último dia 30 de junho, quando dois ativistas colaram suas mãos na pintura Peach tree in blossom, de Van Gogh, exposta na Galeria Courtauld, em Londres.

Em um comunicado oficial, o grupo explica o porquê de ter escolhido a pintura da árvore de pêssegos feita em 1888 pelo artista holandês. O principal motivo está ligado ao local onde a paisagem se passa: a cidade de Arles, na região da Provença, no sudeste da França. Essa parte do país europeu sofre com a escassez de água há meses, e corre risco de enfrentar uma seca severa. 

“Quando criança, eu adorava essa pintura, meu pai me levou para vê-la quando visitávamos Londres. Ainda amo essa pintura, mas amo mais meus amigos e minha família, amo mais a natureza. Eu valorizo ​​a sobrevivência futura da minha geração mais do que minha reputação pública”, comenta em nota Louis McKechnie, de 21 anos, um dos jovens que se colou no quadro de Van Gogh.

Atualmente, diversos municípios da França enfrentam racionamento de água, principalmente após um inverno seco e uma primavera em que os níveis de chuva ficaram cerca de 45% abaixo das médias históricas. Somente no dia 15 de junho, 124 ordens de restrições de água entraram em vigor em 39 das 96 cidades francesas. A situação mobilizou protestos e greves civis, de modo que o Ministério das Relações Exteriores emitiu avisos aos turistas sobre possíveis evacuações.

Imagem dos dois ativistas grudados na pintura de Van Gogh (Foto: Just Stop Oil )

Outro motivo para a manifestação da Just Stop Oil ocorrer dentro de uma instituição artística é chamar a atenção da elite artística para a causa. “Adoro arte, em todos os lugares que vou visito galerias. A arte é importante, ela capta a história, um momento no tempo, mas os artistas e a elite artística estão falhando conosco ao focar nas coisas erradas”, comenta Emily Brocklebank, de 24 anos, que junto a Louis se grudou ao quadro em Londres.

Além do protesto da dupla, no dia anterior cinco jovens apoiadores do grupo e da causa foram presos em Glasgow, na Escócia, após pulverizarem tinta em paredes e pisos da Galeria e Museu de Arte Kelvingrove e se colarem na moldura de uma pintura do século 19 de Horatio McCulloch.

As duas manifestações vêm logo depois do Comitê de Mudanças Climáticas do Reino Unido alertar que o governo pode não atingir o marco de “zero emissões líquidas de gases de efeito estufa” até 2050.

Fonte: Galileu