Produtores comemoram novo serviço de identificação de tambaqui da Embrapa

Produtores de alevinos de tambaqui (Colossoma macropomum) de Rondônia, Amazonas, Roraima, Mato Grosso, Tocantins, além de associações de piscicultores, como a Peixe BR, reuniram-se na manhã da última quinta-feira (04) na Embrapa Pesca e Aquicultura (Palmas, TO) para conhecer um novo serviço que a Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia (Brasília, DF) está oferecendo aos piscicultores. Trata-se da análise genética para saber se os reprodutores são puros ou híbridos (fruto de cruzamento com outra espécie) e se possuem algum grau de parentesco entre si. A nova metodologia é um dos resultados do projeto BRS Aqua  e foi comemorada pelos produtores. 

“Acredito que isso é um marco para a piscicultura, porque trabalhamos no escuro, sem saber o grau de parentesco dos peixes que cultivamos. Acho que essa ferramenta vai levar mais valor ao campo e pretendo mandar amostras dos meus tambaquis o mais rápido possível”, pleneja Jenner Bezerra de Menezes, diretor da Biofish Aquicultura, em Rondônia. 

“Gostaria de parabenizar à Embrapa pelo desenvolvimento dessa nova tecnologia. Precisamos de muita pesquisa para chegarmos ao mercado internacional”, pontua Aniceto Wanderley, proprietário de nove pisciculturas em Roraima.

Segundo Alexandre Caetano, pesquisador da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, o controle de pedigree é um dos principais desafios enfrentados hoje pelos criadores de tambaqui no Brasil. O cruzamento entre parentes próximos (meios-irmãos, irmãos ou primos) pode causar perdas de até 25% dos alevinos, e de até 30% na produção dos sobreviventes, na fase da engorda. Ele revela que esse foi o desafio que levou a Embrapa a desenvolver ferramentas genômicas de ponta para análise e certificação de parentesco e pureza da espécie.

“Devido à falta de boas ferramentas e processos adequados para o controle genealógico de reprodutores, os produtores de alevinos podem frequentemente efetuar acasalamentos entre peixes aparentados e, consequentemente, gerar animais com deformações e baixo desempenho produtivo”, explica Caetano. 

Ele explica que cada piscicultor poderá enviar até 48 amostras de, preferencialmente, peixes reprodutores. “Os resultados serão úteis para orientar acasalamentos e assim evitar perdas na alevinagem e o nascimento de animais com deformações e baixo desempenho produtivo na engorda”, afirma o pesquisador.

Novidade foi apresentada em Worskhop 

Os produtores tomaram conhecimento do novo serviço oferecido pela Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia durante o Workshop Ferramentas Genômicas para Certificação e Gestão de Matrizes e Resultados Parciais da Qualificação da Coleção de Base de Tambaqui da Embrapa, ocorrido na última quarta-feira (4). Na ocasião, os piscicultores conheceram o projeto BRS Aqua, liderado pela Embrapa Pesca e Aquicultura, que envolve 22 centros de pesquisa, 50 parceiros públicos e 11 empresas privadas. De caráter estruturante, ele é fruto da parceria entre Embrapa, Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e a atual Secretaria de Aquicultura e Pesca (SAP), ligada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

Para acessar o serviço, oferecido inicialmente de forma restrita, o piscicultor deverá entrar em contato com a Embrapa, pelo e-mail alexandre.caetano@embrapa.br, e iniciar o processo de contratação do serviço por meio de carta-proposta. Os reprodutores e as matrizes a serem analisados devem estar identificados individualmente com chip eletrônico e ter parte da nadadeira coletada segundo procedimentos técnicos pré-estabelecidos (veja cartilha). Após a assinatura do contrato, o material será remetido à Embrapa, que fará as análises e devolverá ao produtor uma planilha com informações sobre o grau de parentesco entre os animais e de pureza de cada um, além de orientações para uso das informações.

Para Francisco Medeiros, presidente da Associação Brasileira da Piscicultura Peixe BR, a nova tecnologia deve mudar o negócio de peixes nativos no Brasil. “Sem dúvida, pode ser uma das ferramentas para incrementar o setor”, acredita ele.

Fonte: Elisângela Santos – Embrapa Pesca e Aquicultura