Um aluno do programa do curso de pós-graduação em Entomologia da Universidade Federal do Paraná (UFPR) descobriu uma nova espécie e um novo gênero de inseto na Reserva Natural Guaricica, administrada pela Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS) em Antonina (PR). A nova espécie de cigarrinha, cuja descrição foi publicada na revista científica European Journal of Taxonomy, tem entre 6 e 7 milímetros de comprimento, apresenta coloração marrom com manchas pretas no tórax e pode ser encontrada nos Estados do Paraná e Rio de Janeiro.
O novo gênero recebeu o nome científico de Guaricicana, em homenagem ao local onde foi descoberto. A espécie foi capturada com o uso de uma armadilha luminosa instalada na copa de uma árvore, a 15 metros do solo. Os insetos são atraídos pela luz e retirados após duas horas de exposição. A nova espécie pertence a um grupo conhecido como cigarrinhas que pertencem à família Cicadellidae.“Esse grupo possui uma característica de produzir sons que são inaudíveis para nós sem ferramentas que os captem e amplifiquem. Machos e fêmeas adultos localizam um ao outro através de sinais vibracionais produzidos por órgãos produtores de som na base do abdômen, chamados timbales”, explica Alexandre Cruz Domahovski, aluno do curso e um dos autores do estudo. Ele relata ainda que as cigarrinhas são confundidas com as cigarras que pertencem a outra família, chamada Cicadidae, em que apenas os machos produzem um potente som, facilmente escutado pelos humanos.
Já a espécie foi nomeada como borgesi, em referência ao diretor-executivo da SPVS, Clóvis Borges. “É sempre motivo de estímulo para todos os colaboradores da SPVS notícias sobre novas descobertas de espécies nas nossas Reservas Naturais. A homenagem realizada pelos pesquisadores além de muito bem recebida, demonstra também como a sinergia de esforços complementares em prol da conservação da natureza geram resultados positivos”, ressalta Borges.
A Reserva Natural Guaricica protege 8,7 mil hectares de vegetação nativa e está inserida na Grande Reserva Mata Atlântica, o maior remanescente contínuo do bioma. O professor e orientador de Alexandre e um dos autores do artigo, Rodney Cavichioli, conta que durante seis anos de pesquisa no local já foram registradas 46 espécies pertencentes a 21 gêneros diferentes, sendo 22 espécies inéditas e um novo gênero. Ele explica ainda que até o momento, apenas três espécies e um gênero novo foram descritos: a Nullana albinoi, a Nullana sakakibarai, descobertas em 2017, e agora a Guaricicana borgesi. “Sabemos que, devido ao ótimo estado de conservação da Reserva, a biodiversidade existente lá é enorme e que, provavelmente, nunca conheceremos todas as espécies que vivem lá. Mas saber que registramos tantas novas espécies já é um orgulho para nós”, ressalta Cavichioli.