Quando os primeiros casos do novo coronavírus foram registrados no Brasil, ao final de fevereiro de 2020, e depois tiveram um aumento expressivo nos meses subsequentes, as pessoas têm se perguntado quais as medidas de prevenção, os tratamentos disponíveis e a cura da Covid-19.
Neste artigo, pontuamos as medidas de prevenção orientadas pelas autoridades de saúde, as pesquisas em curso para tratamentos contra o novo coronavírus, bem como, os testes em andamento para se conseguir a tão esperada vacina.
Medidas de Prevenção
As medidas de prevenção estão sendo amplamente divulgadas, e de acordo com o Ministério da Saúde, as recomendações são as seguintes:
- Lavar com frequência as mãos até a altura dos punhos, com água e sabão, ou então higienizando com álcool em gel 70%;
- Ao tossir ou espirrar, cobrir o nariz e a boca com lenço ou com o bração, não com as mãos;
- Evitar tocar os olhos, nariz e boca com as mãos já lavadas;
- Ao tocar, lavar sempre as mãos como já indicado;
- Buscar manter uma distância mínima de cerca de 2 metros de qualquer pessoa;
- Evitar abraços, beijos e aperto de mãos;
- Higienizar com frequência o celular e os brinquedos de crianças;
- Não compartilhar objetos de uso pessoal, como talheres, toalhas, pratos e copos;
- Manter os ambientes limpos e bem ventilados;
- Evitar circulações desnecessárias nas ruas;
- Se estiver doente, evitar o contato físico com outras pessoas e ficar em casa até melhorar;
- Dormir bem e ter uma alimentação saudável, auxiliando com a manutenção da imunidade;
- Utilizar máscaras caseiras ou artesanais feitas de tecido em situações de saída de sua residência e se atentar a devida higienização pessoal e dos objetos no momento de retorno a residência.
Complementarmente a estas medidas, caso exista a real e inadiável necessidade de viajar, previna-se com as recomendações citadas e siga as orientações das autoridades de saúde locais.
Além disso, ao voltar de viagens internacionais ou locais, o Ministério da Saúde recomenda que:
- Em viagens internacionais: Realizar o isolamento domiciliar voluntário por 7 dias após o desembarque, mesmo que não tenha apresentado sintomas;
- Em viagens locais: Ficar atento à sua condição de saúde, principalmente nos primeiros 14 dias e seguir as medidas recomendadas de prevenção.
Caso venha a apresentar sintomas de gripe, evite contato físico com outras pessoas e fique em casa por 14 dias. A procura por hospitais de referência está sendo orientada para os casos que apresentem sintomas de falta de ar.
Em caso de diagnóstico positivo para Covid-19, seguir as seguintes recomendações divulgadas pelas autoridades de saúde:
- Ficar em isolamento domiciliar;
- Utilizar máscara o tempo todo;
- Se for necessário cozinhar, usar máscara de proteção, cobrindo a boca e o nariz todo o tempo;
- Após utilizar o banheiro, lavar sempre as mãos com água e sabão e limpar o vaso, pia e demais superfícies com álcool ou água sanitária para desinfecção do ambiente;
- Separar toalhas de banho, garfos, facas, colheres, copos e outros objetos apenas para seu uso pessoal;
- O lixo produzido precisa ser separado e descartado;
- Sofás e cadeiras também não podem ser compartilhadas e precisam ser limpos frequentemente com água sanitária ou álcool 70%;
- Manter janela aberta para circulação do ar do ambiente usado para isolamento e a porta fechada, limpe a maçaneta frequentemente com álcool 70% ou água sanitária.
Caso o paciente não more sozinho em casa, os demais moradores devem dormir em outro cômodo, longe da pessoa infectada, seguindo também as recomendações:
- Manter a distância mínima de 1 metros entre o paciente e os demais moradores;
- Limpar os móveis da casa frequentemente com água sanitária ou álcool 70%;
- Os demais moradores devem manter o isolamento por 14 dias também;
- Caso outro familiar da casa também inicie os sintomas leves, deve-se reiniciar o isolamento de 14 dias. Se os sintomas forem graves, como dificuldade para respirar, deve-se procurar orientação médica.
Tratamentos
Universidades, centros de pesquisa laboratorial e institutos de saúde de todo o mundo buscam uma série de abordagens de tratamento contra o novo coronavírus.
Recentemente, uma pesquisa realizada pela Universidade de Califórnia, em parceria com a Escola de Medicina Icahn em Monte Sinai e do Instituto Pasteur, estudou medicamentos usados para tratar outras doenças, como câncer e doenças neurodegenerativas, como potenciais para o tratamento da Covid-19.
De acordo com a pesquisa, foram identificadas proteínas encontradas no corpo humano nas quais o vírus interage para nos infectar. Assim, identificam medicamentos já existentes que podem inibir a produção dessas proteínas.
Segundo o pesquisador Krogan, e coautor desta pesquisa, foram identificadas cerca de 300 proteínas humanas que poderiam interagir com os 30 genes virais relacionados ao Sars-CoV-2 (causador da Covid-19). A partir disso, os pesquisadores encontraram mais de 60 medicamentos com potencial para tratar o coronavírus, alguns destes já aprovados anteriormente para outros tratamentos e os demais em fase de estudos clínicos.
Os pesquisadores acreditam que até o final do ano será possível identificar medicamentos previamente validados, para o combate à Covid-19.
No Brasil, a comunidade científica atua fortemente com pesquisas para busca de tratamentos, o Ministério da Saúde está acompanhando o desenvolvimento de nove ensaios clínicos realizados no país para testar a eficácia e segurança do uso dos medicamentos. Participam deste estudo mais de 100 centros de pesquisas, como universidades e hospitais, reunindo 5 mil pacientes com quadros leves, moderados e graves.
O Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) criou o projeto Observatório de Tecnologias Relacionadas à Covid-19, com o objetivo de divulgar as tecnologias que possam ser de utilidade para ações globais e locais.
Vacina
As medidas de prevenção e tratamento para os infectados são essenciais para a redução da curva de transmissão e do número de casos graves, paralelamente a isso, com a evolução da Covid-19, a comunidade científica tem atuado em peso para encontrar uma vacina.
Neste mês de maio, a empresa norte-americana Moderna anunciou que sua vacina contra o vírus Sars-Cov-2, finalizou a primeira fase de testes e recebeu autorização da agência de vigilância sanitária dos EUA (FDA) para início da segunda fase.
Na primeira etapa de testes, 45 adultos participaram para verificação da segurança e dosagem da vacina. A próxima etapa contará com a participação de 600 pessoas para verificação da eficácia e efeitos colaterais.
Segundo a empresa, após isso, será realizada a última fase, onde um maior número de pessoas recebe a vacina para verificação de efeitos adversos e eficácia em uma maior escala. Após isso, a FDA irá analisar se aprova ou não a vacina.
A multinacional Ptizer e a empresa alemã BioNTech anunciaram que iniciaram os testes em humanos para combate ao novo coronavírus, com verificação de eficácia e efeito por faixas etárias, bem como versões testes distintas da vacina. Segundo as empresas, estão trabalhando para que consigam iniciar a produção de doses validadas da vacina ainda em 2020.
Na Itália, um grupo de pesquisadores especializados em doenças infecciosas anunciou esta semana que em testes realizados no hospital Lazzaro Spallanzani, em Roma, foi possível constatar a criação de anticorpos em camundongos, após a aplicação de uma vacina teste. Os pesquisadores utilizaram cinco vacinas candidatas e selecionaram duas que obtiveram a melhor resposta.
No Brasil, uma rede de cientistas também se dedica ao desenvolvimento de uma vacina nacional contra o novo coronavírus. Em São Paulo, cientistas do InCor (Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP) já iniciaram a realização de testes em camundongos.
A técnica utilizada pela equipe consiste no uso de VLPs (virus-like-particles, em inglês), que são moléculas similares ao vírus, mas não possuem material genético para replicação viral. Sendo possível acoplar pedaços do vírus nestas VLPs para se ligar às células humanas para verificação de seu comportamento e respectiva produção de anticorpos.
O grupo pesquisa também como são as respostas imunológicas de pessoas que já foram curadas e se recuperaram bem.
A Fiocruz, que possui alta experiência com a manipulação do vírus da influenza no país, está integrando um projeto do INCTV (Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Vacinas), para utilizar o vírus da gripe como veículo para uma vacina.
Segundo os pesquisadores, a ideia é criar uma vacina bivalente, para a gripe e para o coronavírus, que poderia ser mais facilmente adaptada caso o vírus siga sofrendo mutações para outras variantes.
Maria Beatriz Ayello Leite
Redação Ambientebrasil