EXCLUSIVO: ONG paulista mostra como o desenvolvimento sustentável pode ser adotado mesmo em casa

Danielle Jordan / AmbienteBrasil

Óleo e água não se misturam. Qualquer criança pode confirmá-lo, basta lembrar da clássica experiência feita na aula de Ciências ainda no Ensino Fundamental. Se em um copo já visível, transporte-se isto para o meio ambiente.

Diariamente milhões de litros de óleo vegetal são consumidos no mundo todo. E o que é feito dele depois do uso? Muitas, se não a maioria das pessoas, jogam-no na pia, de preferência com bastante água quente e detergente, para não entupir. Uma ONG em Santo André, São Paulo, quer mudar essa realidade.

O Instituto Ação Triângulo promove a conscientização ambiental doméstica, mostrando às donas de casa os problemas que essa atitude pode causar. Melhor, eles oferecem uma alternativa ecologicamente correta, que ainda dá oportunidade de emprego e renda para outras pessoas. A missão é fomentar o desenvolvimento sustentável, conceito antes restrito aos meios acadêmicos e formadores de opinião, segundo Fabrício França, coordenador de produção do Instituto Ação Triângulo. “Queremos levar esse pensamento para dentro da casas, mostrando formas práticas e possíveis de serem feitas.”

Atualmente o instituto atende 14 mil residências, “conquistadas” nos três primeiros anos de funcionamento. A partir de janeiro, serão 60 mil casas, ampliação viabilizada por um patrocínio. A coleta é feita casa por casa, agentes recolhem o material armazenado pelos moradores em recipientes, que podem ser garrafas pets ou frascos de vidro e despejam em um tambor com capacidade para 50 litros para serem levados para a usina de reciclagem. Mensalmente são recolhidos entre duas e três toneladas de óleo.

As equipes são formadas por oito agentes, um líder e um motorista com abrangência de 10 mil residências. Com o patrocínio serão formadas seis equipes que atenderão 60 mil casas. Fabrício diz que o objetivo é que estas equipes se tornem auto-sustentáveis para garantir a continuidade do projeto a partir de 2007.

Os agentes passam de forma simples informações sobre o conceito de desenvolvimento sustentável, entregam um jornal e explicam os problemas causados pelo óleo. O Instituto espera dar continuidade ao projeto, com informações novas a cada mês.

Além das quatro equipes existentes em Santo André, a ONG conta com uma equipe em São Bernardo e outra em São Caetano. Pretende chegar até outros estados, segundo Fabrício, mas, enquanto isto não é possível, as organizações podem procurar o instituto para troca de informações e realização de parcerias.

A Usina também está em fase de expansão, prevendo a maior oferta de material a partir do próximo ano, gerada pelas novas equipes. Ela se adaptará para aprimorar a produção, tornando o produto atrativo no mercado. Foi firmado um convênio com a Faculdade de Engenharia Industrial, FEI, para realização de pesquisas e e desenvolvimento de novas fórmulas. Segundo Fabrício, também já estão sendo feitos contatos com revendedores para escoar a produção que deve aumentar bastante. Atualmente são produzidas em média 300 pedras de sabonete por semana.

“É um produto eco-ciente, feito a partir de um material que a maioria das pessoas pensava que era lixo”, diz o coordenador, mencionando a importância da iniciativa para que empresas tenham como exemplo a criação de produtos “eco-cientes”, convergentes com as idéias do desenvolvimento sustentável.

Existem outros produtos como a massa de vidro e a ração animal que, segundo Fabrício, já reutilizam o óleo, mas as empresas procuram estabelecimentos como lanchonetes e restaurantes para a captação de grandes quantidades. A conscientização doméstica é a grande diferença. “O óleo precisa ser eliminado da rede de esgotos, porque é muito pernicioso”, explica, fazendo a relação de que 1 litro de óleo pode contaminar até 1 milháo de litros de água.

Apesar da gravidade do problema, ele diz são poucas as pesquisas sobre ele. A Sabesp colabora com algumas informações, mas ainda não existe um estudo aprofundado.