Danielle Jordan / AmbienteBrasil
A redução do desmatamento num dos biomas mais ameaçados do Brasil pode ser mais um motivo para comemorar o Dia Mundial do Meio Ambiente. Os dados divulgados no último dia 26, nas comemorações do dia da Mata Atlântica, revelaram a queda de 71% na devastação neste bioma no período de 2000 a 2005, em relação ao período de 1995 a 2000. As informações, que estão sendo levantadas pela ONG SOS Mata Atlântica em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), farão parte do Atlas dos Remanescentes da Mata Atlântica, a ser concluído até o final do ano.
Alguns estados – Espírito Santo, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul – tiveram uma redução superior a 80%, sendo que apenas Goiás e Santa Catarina apresentaram aumento na destruição. Os números impressionam, mas não significam que o problema já foi resolvido. Segundo divulgação da própria entidade, a redução se deve muito às políticas públicas mas também ao esgotamento de áreas acessíveis da floresta. Os dados correspondem apenas a uma parte da pesquisa, levando em consideração apenas oito estados avaliados até o momento. Minas Gerais e Bahia ainda não foram analisados e devem ter seus dados acrescidos para os resultados finais.
A maior redução foi verificada no Espírito Santo, 96%, seguida do Rio Janeiro, 90%. O Paraná ficou na terceira posição no “ranking” dos menos desmatados, com queda de 88% na devastação. O secretário de Meio Ambiente e presidente do Instituto Ambiental do Paraná, Rasca Rodrigues, afirma que este é um dado a ser comemorado, “principalmente no Dia Mundial do Meio Ambiente”. Apesar dos números favoráveis, Rasca afirma ter convicção que muito ainda deve ser feito. “O estado tem um remanescente expressivo”, diz.
Ele atribui os resultados não só à ação do Governo no controle e monitoramento da mata, mas também à crescente conscientização ambiental de quem tem remanescentes em suas áreas. Neste sentido, o secretário procura viabilizar um mecanismo de incentivo ao proprietário em cujas terras há fragmentos do bioma, para que ele contribua na preservação. Segundo ele em muitas cidades, como União da Vitória, por exemplo, onde mais de 60% é composto de área florestada, o benefício financeiro pode transformar os pequenos agricultores em aliados na preservação.
De acordo com a proposta, estariam enquadradas neste benefício propriedades com remanescentes representativos além da reserva legal, estipulada como obrigatória nas áreas florestais. O benefício seria equiparado ao valor da cultura de milho, de modo a tornar mais atrativa ao produtor a preservação, do que a produção nestas áreas.
A proposta ainda depende de aprovação do Governo, mas já está em processo adiantado e o secretário acredita que o benefício possa ser implantado brevemente.
Os resultados obtidos fazem parte de um processo que está se intensificando, segundo Rodrigues. Entre os exemplos de investimentos, uma companhia da Polícia Ambiental deve ser criada, reforçando a guarda da Força Verde. Nove veículos serão comprados para esta missão, com recursos garantidos pelo KfW Bankengruppe, agente financiador da República Federal da Alemanha. Em parceira com o Governo do Estado, o banco viabiliza o Programa de Proteção da Floresta Atlântica – Pró-Atlântica, já teve cerca de R$ 40 milhões investidos desde sua implantação.