EXCLUSIVO: Programa de Pós-Graduação inédito vai subsidiar conservação ambiental no Amapá

Mônica Pinto / AmbienteBrasil (*)

Com 142.814,585 km2, o Amapá tem cerca de 95% dos seus ecossistemas intactos. Considerado um dos Estados mais preservados do Brasil, tem aproximadamente 55% de seu território protegido por meio de Unidades de Conservação (UC) e Terras Indígenas.

Estima-se existam no Estado mais de 400 mil espécies, muitas das quais endêmicas (que ocorrem exclusivamente no território amapaense). Tanto as UCs, quanto as áreas não-protegidas são gerenciadas de maneira integrada formando o Corredor de Biodiversidade do Amapá, com um total de 11 milhões de hectares, ou cerca de 70% do Estado.

O coração deste Corredor está no maior parque de florestas tropicais do planeta, o Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque, com mais de 3,8 milhões de hectares. Além disso, o Corredor inclui os últimos grandes trechos protegidos de manguezais das Américas, um dos ecossistemas mais destruídos e pouco conhecidos no Brasil.

Assegurar a conservação dessas riquezas naturais, ao mesmo tempo em que o Amapá tem uma economia bastante pautada no aproveitamento de tais recursos, é um desafio constante. “Nesse processo de planejamento econômico do estado, a gente concebeu o Corredor de Biodiversidade, que é a valorização das unidades de conservação ambiental como instrumentos para a promoção do desenvolvimento”, explicou o secretário Especial de Desenvolvimento Econômico do Amapá, Alberto Pereira Góes, a AmbienteBrasil.

Dentro desse panorama, investigações técnico-científicas são essenciais para subsidiar as políticas públicas para o que o Estado convencionou chamar de “desenvolvimento territorial com base conservacionista”. Assim, na semana passada, foi recebida com alegria a notícia de que o Conselho Técnico-Científico da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) tinha aprovado o Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade Tropical (PPGBIO) – o primeiro Programa de Pós Graduação completo, com mestrado e doutorado, do Estado do Amapá.

O PPGBIO é uma proposta conjunta da Universidade Federal do Amapá – UNIFAP -, do Instituto Estadual de Pesquisas Científicas e Tecnológicas – IEPA -, ligado ao Governo do Estado; da Embrapa-Amapá e da organização não-governamental Conservação Internacional (CI-Brasil).

Suas atividades começam oficialmente em agosto próximo, com o lançamento dos editais de abertura de 20 vagas de mestrado e 10 de doutorado ainda para este ano. O Programa está estruturado em três linhas de pesquisa que visam responder às seguintes questões: (a) qual a composição da biodiversidade amazônica e como ela muda ao longo do tempo e do espaço? (b) como conservá-la de forma eficiente? e (c) como utilizá-la de forma sustentável?

“As cadeias produtivas do Amapá foram definidas em função de seu Zoneamento Econômico-Ecológico e muitas delas incluem o aproveitamento de recursos naturais”, diz o secretário Alberto Góes. “Isso tem que se proceder com base em investigação técnica e científica”, completa ele, antecipando que as respostas nascidas do curso de Pós-Graduação recém-aprovado serão agregadas ao processo de planejar e induzir o desenvolvimento do estado.

Ineditismo

O Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade Tropical é o primeiro no Brasil a nascer de parceria entre uma ONG e os meios científico e acadêmico. Sua meta é ambiciosa. “Queremos ser um dos melhores cursos do país na área de Ecologia e Meio Ambiente”, diz José Maria Cardoso da Silva, vice-presidente de Ciência da Conservação Internacional.

“O curso se focaliza nos principais desafios científicos do Amapá hoje e, com isso, vai se criar uma sinergia positiva para se aumentar a capacidade técnica do estado rapidamente”, acredita.

* Com informações da CI-Brasil.