As universidades e instituições de pesquisa contribuem para aperfeiçoar técnicas pertinentes, enquanto setores cujas atividades promovem relevantes impactos ambientais, a exemplo de empresas de mineração, agropecuárias e de construção de estradas e barragens, paulatinamente têm se beneficiado dos avanços na reabilitação das áreas degradadas por suas atividades.
Encontros e discussões para a troca de experiências aprimoram esse processo, a exemplo dos simpósios promovidos pela Sociedade Brasileira de Recuperação de Áreas Degradadas – Sobrade. “Além de discussões, eles possibilitaram a formação de um fórum sobre a temática e hoje são referência no país”, diz o presidente da entidade, Maurício Balensiefer, professor do Departamento de Ciências Florestais da Universidade Federal do Paraná – UFPR.
Em seis edições do Simpósio Nacional e Congresso Latino-Americano de Recuperação de Áreas Degradadas, de que participaram aproximadamente 3.300 pessoas, foram apresentados ao público mais de 1.300 trabalhos, incluindo várias experiências internacionais. “Pelo retorno que se recebe, constatamos que estão efetivamente contribuindo, pois orientam interessados de várias categorias profissionais que necessitam dos conhecimentos desta temática multidisciplinar”, diz Balensiefer.
Segundo ele, o aumento da conscientização e avanços da legislação contribuíram para uma movimentação crescente pelo interesse no tema e, até por conta disso, é bastante freqüente observar agentes que promovem a degradação demonstrando preocupação e tomando iniciativas no sentido de recuperar a área degradada.
O professor explica que, na década de 90, era comum ouvir relatos sobre o uso de “meia dúzia” de espécies arbóreas para, pretensamente, recuperar ambientes degradados. Esse quadro mudou – para melhor. A ordem do dia é reconstruir o ecossistema subentendendo-se não apenas sua forma, mas sua função, isto é, o retorno das áreas alteradas ao mais próximo possível do original.
“Para que isso se viabilize é necessário não apenas conhecer flora, fauna, solos ou outros recursos naturais que compõem determinado bioma mas, sim, conhecer a complexidade de suas relações, a biodiversidade presente no seu sentido funcional, ou seja, os processos de regeneração, polinização e dispersão de sementes, competição e predação natural que influenciam a dinâmica da sucessão dos nossos variados ecossistemas, diz ele.
Nesse sentido, Maurício Balensiefer defende ser primordial o aperfeiçoamento da legislação relacionada a meio ambiente, de modo que passe a levar em conta as características locais e regionais e a complexa rede de interações. “Essa rede só pode ser percebida com conhecimento, percepção, sensibilidade, ética e, acima de tudo, disposição, principalmente de dois importantes agentes: numa ponta, aquele que degrada; na outra, órgãos ambientais com atuação firme e cobranças.
Entre estas duas pontas, estariam, cumprindo suas funções de viabilizar os meios ou procedimentos, pesquisadores, técnicos, professores e estudantes entusiastas do tema.
Algumas destas experiências podem ser encontradas nos recém-publicados anais do VI Simpósio Nacional e Congresso Latino-Americano Recuperação de Áreas Degradadas, realizados paralelamente de 24 a 28 de outubro passado em Curitiba (PR).
A Sociedade Brasileira de Recuperação de Áreas Degradadas – Sobrade – doa a publicação para entidades de pesquisa e bibliotecas, bastando, para isso, fazer a solicitação pelo e-mail sobrade@sobrade.com.br.