EXCLUSIVO: Evento na Itália mostra experiências positivas do Brasil na exploração sustentável de florestas

Mônica Pinto / AmbienteBrasil

A grande imprensa registrou ontem um estudo feito na Universidade de São Paulo (USP), segundo o qual as altas taxas de desmatamento da Floresta Amazônica geraram 855 milhões de toneladas de CO2 em 2006, levando o Brasil à nada honrosa posição de quinto maior poluidor do mundo, atrás apenas dos EUA, China, Rússia e Japão.

O trabalho é assinado pelo pesquisador José Goldemberg, do Instituto de Eletrotécnica e Energia da USP. E revela que, no cömputo geral, o Brasil emitiu em 2006 1,14 bilhão de toneladas de CO2 – três quartos desse total correspondentes ao corte e queimada das florestas.

Mas, embora a má imagem do país vá se consolidando a partir desses dados, o fato é que nem tudo está perdido. Muita gente no Brasil está aprendendo a ganhar dinheiro com os produtos da natureza sem necessariamente degradá-la. São experiências bem sucedidas a aliarem conservação ambiental e geração de emprego e renda.

Esses exemplos exitosos estarão sendo mostrados amanhã na Itália, na Câmara de Comércio de Milão, no decorrer do seminário Florestas do Brasil, promovido pela Fundação Gilberto Freyre (FGF), em parceria com o governo do Estado de Pernambuco, Companhia Hidrelétrica do São Francisco (CHESF) e o Ministério da Ciência e Tecnologia.

“O objetivo é vender positivamente o Brasil do ponto de vista ambiental”, disse a AmbienteBrasil, já de Milão, o superintendente da FGF, Gilberto Freyre Neto, coordenador administrativo do evento.

“O que a imprensa noticia, em geral, são os aspectos negativos e isso impacta as relações comerciais do país, principalmente na Europa”, completa. Assim, os palestrantes do seminário – em sua quarta edição – o utilizam como plataforma para futuros negócios no exterior, ao exporem cadeias produtivas, inclusive extrativistas, baseadas na sustentabilidade.

Um dos produtos já comercializados na Europa, dentro deste parâmetro, é o alfabisabolol, substância extraída do óleo da Candeia – árvore nativa da mata atlântica -, utilizado em artigos de higiene pessoal e farmacêuticos.

Em Minas Gerais, a extração do óleo de Candeia é um setor forte e a comercialização dos sub-produtos da árvore também. Dela se aproveita quase tudo: o tronco é vendido para estacas, com preços variando entre R$ 25 e R$ 60, a dúzia. Já o óleo bruto sai de US$ 18 a US$ 25, o quilo. E o alfabisabolol custa de US$ 35 a US$ 50 dólares, também o quilo.

“Os participantes vão saber como podem usufruir das nossas florestas de forma ambientalmente correta; como podem comprar créditos de carbono de nossos projetos industriais e investir em diversos setores na floresta como pesquisa, cosméticos e turismo ambiental”, diz Gilberto Freyre Neto.