Conceito de Sucessão Ecológica
A sucessão ecológica, de forma geral, é o processo de instalação de uma comunidade vegetal em uma área anteriormente não ocupada, com evolução gradual até a estabilidade da vegetação.
Esta sucessão ocorre de forma que espécies de plantas diferentes, com necessidades climáticas e de disposição de nutrientes do solo distintos, consigam se estabelecer e se consolidar no novo ambiente.
Etapas da Sucessão Ecológica
O processo ocorre naturalmente, mas há etapas principais válidas de ressalvo, que auxiliam com a formação de ambiente propício para as espécies de vegetação. A título de exemplo, observe um pasto, inicialmente sem árvores de grande porte, com bastante gramíneas dispersas pela área, a floresta não se instala de uma vez neste pasto, há um processo evolutivo para o desenvolvimento da vegetação até que o mesmo vire uma floresta densa. Ou seja, as etapas da sucessão ecológica são diretamente proporcionais com o aumento da biodiversidade, como ilustra a figura a seguir e detalhamento das etapas abaixo.
Etapa Inicial (Fase Pioneira):
Imagine agora, uma área desabitada, como uma rocha, as condições microclimáticas e de solo são desfavoráveis para o crescimento de plantas, com iluminação direta, altas temperaturas, ventos fortes, ausência ou pouca quantidade de matéria orgânica no solo, bem como a baixa fixação da água das chuvas, dificultando a irrigação natural do local.
Tal cenário, parece bem improvável para o crescimento de uma floresta, correto? Pois bem, é aí que entram as chamadas espécies pioneiras, que como o próprio nome diz, são as primeiras a chegar neste ambiente adverso.
No caso da rocha que utilizamos como exemplo, passaria a ser habitado por líquens, que irão lentamente melhorando as condições do local, a partir da produção de ácidos, que de forma gradativa, começam a erodir a rocha e formar as primeiras camadas de solo. A partir disso, de camada por camada de líquen começa a se formar um tapete de matéria orgânica, que auxilia com a umidade, fixação da água das chuvas e enriquecimento do solo por nutrientes.
Com essa condição já mais favorável, começam a aparecer os musgos, que nutrem ainda mais o solo, até que se inicia o surgimento de plantas de pequeno porte, como os arbustos, ainda mais adaptados e resistentes a iluminação direta, bem como insetos e moluscos, iniciando um novo ecossistema. A tabela a seguir descreve características chaves de espécies pioneiras.
Características Espécies Pioneiras |
Crescimento rápido |
Intolerante à sombra para germinação |
Ciclo de vida curto (Até 10 anos) |
Etapa Intermediária (Fase Secundária):
Nesta etapa, podemos considerar como exemplo, uma área de clareira, pasto ou área de cultivo abandonado, isto por que, normalmente são regiões que já foram ocupadas anteriormente por comunidades biológicas, possuindo maiores condições de desenvolvimento de espécies secundárias e atratividade de animais selvagens.
Em virtude destas áreas já possuírem condições mais favoráveis, com temperaturas no solo mais amenas, iluminação com menor intensidade e proteção contra ventos, a evolução ocorre de forma mais rápida que a etapa inicial. Assim como, o processo de expansão desta porção vegetal, visto que as sementes e organismos permanecem no substrato, facilitando o enriquecimento do solo e propagação das espécies. As principais características de espécies secundárias estão descritas na tabela abaixo.
Características Espécies Secundárias |
Crescimento intermediário |
Pouco intolerante à sombra para germinação |
Ciclo de vida intermediário (10 a 100 anos) |
Etapa Final (Fase Clímax):
Na fase clímax, etapa final desta sequência descrita, a comunidade de espécies clímax caminha para a estabilidade, seja na diversidade de espécies ou relações alimentares dentro da floresta, sendo mais propensa a se recuperar de alguma instabilidade daquele ambiente, como ocorrência de pragas, por exemplo. As principais características de espécies clímax estão detalhadas na tabela a seguir.
Características Espécies Clímax |
Crescimento lento |
Tolerante à sombra para germinação |
Ciclo de vida longo (Acima de 100 anos) |
Aplicações do Conceito de Sucessão em Projetos de Reflorestamento
Para entendimento sobre como o conceito de sucessão ecológica é utilizado em projetos de reflorestamentos, serão descritos os principais tipos de reflorestamento, bem como as estruturas de plantio comumente utilizadas.
Reflorestamento do Tipo Adensamento
Este tipo de reflorestamento é utilizado em áreas que apresentam espaços vazios onde a própria vegetação não está conseguindo se regenerar naturalmente. Nestes locais, utilizadas espécies pioneiras, de rápido crescimento, que auxiliarão com o adensamento da floresta, com maior sombreamento e aporte de matéria orgânica.
Reflorestamento do Tipo Efetivo
São reflorestamentos feitos em áreas planas, sem a presença de florestas próximas, o que dificulta a proliferação da vegetação no local. Nestes casos, são pensados em espécies de crescimento rápido, intermediário e lento, sendo dividido em pioneiras, secundárias e clímax, respectivamente.
Para a recuperação deste tipo de área, usualmente utiliza-se a estrutura de reflorestamento em linha, com espaçamento base de 3 metros entre linhas e 2 metros entre colunas.
Reflorestamento do Tipo Enriquecimento
São recomendados em áreas onde há vegetação próxima, já com certo crescimento, tendo o reflorestamento papel de estimular esta evolução, com utilização de espécies secundárias e clímax. Esta metodologia, também considera a roçada de gramíneas de alto crescimento, que podem prejudicar o desenvolvimento do plantio. Em termos de estrutura, por já existir vegetação nestas áreas, o plantio por enriquecimento possui espaçamento maior, de cerca de 5 metros entre as linhas e entre colunas.
Reflorestamento do Tipo Nucleação
Este tipo de reflorestamento é utilizado quando se pretende estimular o crescimento de uma nova porção de floresta, utilizando métodos de transpor o solo e sementes de uma floresta próxima, bem como criando um ambiente de atratividade à fauna, com a instalação de poleiros, por exemplo. Em termos de estrutura, normalmente se utiliza como base o diâmetro de até 2 metros do núcleo e espaço entre cada núcleo de 2 a 5 metros.
Cuidados e Observações em Projetos de Reflorestamento
Todos estes métodos de reflorestamentos, que possuem como base o conceito de sucessão ecológica e como a floresta naturalmente cresce, foram essenciais para que o ser humano pudesse replicá-lo em projetos de recuperação de áreas impactadas. Valendo-se ressaltar a importância de utilização de espécies nativas, de realizar as manutenções das áreas plantadas, que dependem do local, do objetivo do reflorestamento e do projeto pensado, sendo essencial o acompanhamento por profissional devidamente qualificado.
Maria Beatriz Ayello Leite
Redação Ambientebrasil