Os segredos da comunicação do gorila são revelados

Nas batidas no peito, os gorilas se erguem nas patas traseiras e batem rapidamente no peito com as mãos em concha. Fonte: DIAN FOSSEY GORILLA FUND.
Nas batidas no peito, os gorilas se erguem nas patas traseiras e batem rapidamente no peito com as mãos em concha. Fonte: DIAN FOSSEY GORILLA FUND.

Quanto maior o gorila macho, melhor ele bate no peito para sinalizar aos amigos e inimigos o quão poderoso ele é, confirmaram os cientistas.

O impressionante som da bateria é, como se suspeitava, uma medida de tamanho e força, mostra um novo estudo.

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As fêmeas se sintonizam com o tamborilar das mãos no peito ao avaliar um parceiro, enquanto os machos são avisados ​​para começar uma briga.

Os pesquisadores dizem que é um meio de comunicação poderoso na densa floresta tropical onde vivem os gorilas.

As batidas no peito, executadas por machos adultos conhecidos como costas prateadas, devido aos seus pelos grisalhos, podem ser ouvidas a mais de um quilômetro de distância.

“Por muito tempo, assumimos que é algum tipo de exibição de quão poderosos eles são, e eles fazem isso com machos e fêmeas”, disse Edward Wright, do Instituto Max Planck de Antropologia Evolucionária em Lípsia, Alemanha.

“Para os machos, para dizer: ‘Olha, eu sou grande e forte, não mexa comigo’, e para as fêmeas: ‘Olha, eu sou muito grande e forte, talvez você queira me escolher como companheiro.’

“Pela primeira vez, podemos realmente ter certeza de que, sim, o tamanho do corpo é transmitido nessas batidas no peito e a batida no peito é um sinal honesto do tamanho do corpo.”

Quanto mais largo for o dorso, mais profundo o peito bate. Fonte: DIAN FOSSEY GORILLA FUND.
Quanto mais largo for o dorso, mais intenso o peito bate. Fonte: DIAN FOSSEY GORILLA FUND.

Na sociedade dos gorilas, os grupos são normalmente formados por um macho e várias fêmeas. As fêmeas podem se mover entre os grupos, com os machos competindo por suas atenções.

No que diz respeito aos gorilas machos, o tamanho importa; o tamanho do corpo prediz posição, habilidade de luta e sucesso reprodutivo. Os gorilas costas prateadas usam batidas no peito para alertar os competidores do sexo masculino e cortejar as fêmeas em uma demonstração de tamanho e força.

Gorilas machos aprendem a bater no peito desde cedo, praticando a habilidade à medida que crescem.

A pesquisa, publicada na revista Scientific Reports, mostra que machos maiores emitem sons mais profundos (frequência mais baixa) ao bater no peito.

Esses são um sinal honesto do tamanho do corpo – em outras palavras, os gorilas machos não podem fingir.

Pensa-se que os sons estão relacionados com o tamanho das bolsas de ar perto da caixa de voz encontradas em gorilas e alguns outros grandes macacos (mas não em humanos), que desempenham um papel nos grunhidos, rosnados e chamados dos gorilas, bem como, nos batimentos torácicos não vocais.

Além do mais, foram observadas diferenças na duração e no número de batidas no peito feitas por diferentes gorilas, sugerindo que os indivíduos podem ser identificados apenas pela batida no peito.

Os pesquisadores chegaram às suas conclusões medindo o tamanho do corpo de gorilas machos em fotografias, com base na distância entre as omoplatas dos gorilas – a largura de suas costas.

Usando gravações de som, eles mediram a duração, o número e as frequências de áudio das batidas no peito feitas na natureza, por gorilas da montanha de costas prateadas, monitorados pelo Dian Fossey Gorilla Fund no Parque Nacional dos Vulcões, em Ruanda.

Havia cerca de 600 gorilas da montanha na selva em 2008; mas os números agora aumentaram para mais de 1.000 após esforços intensivos de conservação. Isso inclui patrulhas anti-caça furtiva e veterinários treinados para cuidar de gorilas na selva.

O gorila está restrito a áreas protegidas na República Democrática do Congo, Ruanda e Uganda. As ameaças permanecem, incluindo caça furtiva, distúrbios civis e doenças transmitidas por humanos.

Mas enquanto os gorilas das montanhas estão aumentando em número, o grande macaco continua ameaçado de extinção.

Fonte: BBC News / Helen Briggs
Tradução: Redação Ambientebrasil / Maria Beatriz Ayello Leite
Para ler a reportagem original em inglês acesse:
https://www.bbc.com/news/science-environment-56676124