A conferência das Nações Unidas sobre o Clima, que começa esta segunda-feira (29) em Cancún (leste do México), não está destinada a forjar um acordo global para combater o aquecimento, afirmaram organizadores e negociadores, mas pode avançar em questões chave como o desmatamento.
Mais de 190 países se reúnem até 10 de dezembro no balneário mexicano para tentar reavivar a negociação sobre o clima, estancada após a decepção de Copenhaguen, um ano atrás.
Destinada a prosseguir e melhorar a luta mundial contra o aquecimento a partir de 2012 – ano em que expira o Protocolo de Kyoto -, a conferência de Copenhaguen terminou com a adoção de um texto não vinculante, negociado no apagar das luzes da conferência por um punhado de chefes de Estado, que propôs limitar a elevação da temperatura do planeta a dois graus Celsius, sem detalhar a forma de fazê-lo.
Um novo fracasso este ano seria fatal para o processo. Organizadores e negociadores estão decididos a obter resultados que, embora não se concretizem em um tratado internacional, obtenham avanços frente à conferência de Durban (África do Sul), prevista para o fim de 2011.
“Temos que seguir uma estratégia por passos, não podemos colocar todos os temas sobre a mesa”, reconheceu, no domingo, o negociador da Comissão Europeia, Artur Runge-Metzger. “Não estamos dizendo que em Cancún conseguiremos um tratado completo e juridicamente vinculante”, destacou.
No mesmo sentido, expressou recentemente o presidente mexicano, Felipe Calderón. “Não é possível esperar (em Cancún) o tratado para o futuro com compromissos legalmente vinculantes que todos queremos, mas a boa notícia é que Cancún conseguirá certamente resultados sem precedentes”, afirmou.
Para a costa-riquenha Christiana Figueres, secretária executiva da Convenção Quadro das Nações Unidas para as Mudanças Climáticas, Cancún pode avançar em quatro aspectos: ações contra o aquecimento global, transferência de tecnologias “limpas” dos países ricos para os pobres, criação de um fundo de financiamento das operações de longo prazo e redução das emissões de CO2 atribuídas ao desmatamento.
O desmatamento é uma das questões com mais chances de avançar este ano, através do mecanismo REDD+, que prevê a compensação aos países com selva tropical – como Brasil, Indonésia ou os países da bacia do Congo – que renunciem ao corte de suas árvores.
A reunião contará em seu encerramento com a presença de alguns chefes de Estado, como o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva.
(Fonte: G1)