A temporada de chuvas no início do ano traz à população doenças transmitidas pela presença de agentes infecciosos nas águas, com sintomas que podem demorar a surgir. Patologias como leptospirose, diarreias e até hepatite A aumentam nesta época do ano e a população precisa estar atenta a sintomas como febre, dores e amarelamento da pele, que podem representar ameaças à saúde, mesmo depois de dias do contato com a água.
O perigo dos alagamentos existe por causa do acúmulo de lixo nas ruas e pela possibilidade de animais como ratos contaminarem a água com urina, além da presença de fezes humanas com vírus e bactérias.
Segundo o médico infectologista Marcelo Livtoc, do Hospital Sírio-Libanês e do Hospital das Clínicas da USP, a comunidade médica ainda não observou uma alta nos atendimentos, pois o período de incubação das patologias pode levar de 7 até 45 dias, dependendo da doença. “Nós ainda não observamos um aumento no número de atendimentos em geral, mas isso deve ocorrer em breve, ainda mais se as chuvas persistirem”, afirma o especialista.
Em geral, a recomendação após o contato com água em alagamentos é a limpeza do corpo e paciência. “O banho deve ser demorado, a pessoa deve procurar se limpar bem, mas sem nenhum produto diferente ou especial”, diz Marcelo. “Depois, a dica é ficar atento aos sintomas e evitar, na medida do possível, novos contatos diretos com as enchentes.”
O médico também indica o uso de botas e luvas para as pessoas que necessitam limpar casas invadidas pelos alagamentos, vias públicas e mesmo utensílios domésticos.
“Mesmo feridas microscópicas podem ser portas de entrada para agentes como os causadores de leptospirose”, afirma o médico. “Seja em casa ou na rua, a pessoa também está sujeita a se machucar e aí também aparece o risco de doenças não diretamente ligadas à enchentes como o tétano.”
Sobre a adoção de medidas preventivas, não existe nenhuma reconhecida pela comunidade médica que seja comprovada para prevenir a ameaça dos alagamentos. “É discutível se vale a pena ou não a administração de medicações profiláticas. É até possível de ser feito, mas não há trabalhos que garantam a eficácia”, afirma o infectologista.
Os especialistas também não recomendam a automedicação, já que a prática pode agravar quadros como os de diarreia. (Fonte: G1)