O município de Antonina, no litoral do Paraná, sediará nos dias 26, 27 e 28 de agosto a IV Assembléia do Observatório do Clima – Rede Brasileira de ONGs e Movimentos Sociais sobre Mudanças do Clima. O evento será realizado no Centro de Educação Ambiental da Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS) e reunirá pesquisadores do Brasil e do exterior para discutir políticas de combate ao aquecimento global.
Esta é a quarta vez que esse grupo, que se caracteriza por estar engajado efetivamente em projetos de combate ao aquecimento global e não apenas discutir no nível teórico, se reúne.
Seus membros, integrantes de ONGs como o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPÊ), The Nature Conservancy (TNC) e Greenpeace, além da SPVS, representam o Observatório em reuniões no Ministério do Meio Ambiente e em eventos internacionais como a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança Climática.
O assunto que deve motivar as discussões mais extensas em Antonina é o projeto de lei do deputado federal Ronaldo Vasconcellos (PTB/MG), propondo uma política nacional de mudanças climáticas. Entre outras coisas, ele defende a substituição gradativa de combustíveis fósseis, o controle dos desmatamentos e das queimadas, e a consolidação e a expansão das áreas protegidas. O projeto, que já foi apresentado em julho na Câmara dos Deputados, deve voltar a ser discutido em agosto.
É a primeira vez que a reunião do Observatório do Clima acontece em um ambiente onde existe uma ação prática de combate ao aquecimento global. Desde julho de 2000, a SPVS vem desenvolvendo, em parceria com a ONG The Nature Conservancy (TNC), projetos de “seqüestro” (captação) de carbono em suas três reservas naturais, localizadas em Antonina e Guaraqueçaba. Através da restauração de áreas degradadas da Floresta Atlântica, com o plantio de mudas de árvores nativas, a SPVS contribui para aumentar a absorção de gás carbônico da atmosfera. Os projetos têm duração de 40 anos.
“Outra importante meta do projeto é a conservação da biodiversidade”, diz o engenheiro florestal André Ferretti, coordenador de um dos projetos. As Reservas Naturais Serra do Itaqui, Cachoeira e Morro da Mina estão localizadas na Área de Proteção Ambiental (APA) de Guaraqueçaba, maior remanescente contínuo de Floresta Atlântica no Brasil, e refúgio de pelo menos 15 espécies de aves ameaçadas de extinção a nível mundial.
Além de promover a recuperação florestal, os projetos prevêem alternativas de geração de renda para moradores da região, como o cultivo de banana orgânica e criação de abelhas nativas para produção de mel.
Também há o incentivo financeiro do ICMS Ecológico para os municípios de Antonina e Guaraqueçaba, através da transformação das propriedades da SPVS em Reservas Particulares de Patrimônio Natural (RPPNs) -um instrumento da legislação brasileira que incentiva o estabelecimento de áreas de conservação e garante que elas não terão outra destinação no futuro.(SPVS)