Bombardeada de todos os lados por conta da morosidade no licenciamento ambiental para projetos de infra-estrutura, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, estuda um remanejamento na direção do Ibama – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis. Por pressões da Casa Civil, Marina deverá substituir o atual diretor de Licenciamento e Qualidade Ambiental, Nilvo Luiz Alves da Silva, apontado como um dos responsáveis pelos entraves às obras que possibilitariam o sonhado crescimento econômico sustentado.
Nilvo é considerado dentro do governo um técnico competente para o cargo, mas fontes ligadas ao PT e ao Palácio do Planalto afirmam que ele, por questões ideológicas, estaria ‘atrapalhando’ os interesses de outros ministérios. A pressão palaciana vem sendo motivada pelo Ministério de Minas e Energia, principal interessado em que a área de meio ambiente seja mais flexível no licenciamento para novas hidrelétricas. A própria ministra Dilma Roussef alertou, no último dia 4, para o risco de apagão caso obras no setor não estejam concluídas nos próximos anos. A pressão contra o Ministério do Meio Ambiente também ocorre nas áreas de Transportes e Agricultura.
Procurado nesta segunda-feira (30) para falar sobre sua possível exoneração, Nilvo afirmou, por meio de assessores, que tal informação não tem fundamento. Fontes ligadas ao Ibama, porém, disseram que o diretor deverá ganhar uma secretaria no Ministério do Meio Ambiente, a de Qualidade Ambiental, que está vaga. Segundo essas mesmas fontes, o diretor do Ibama é amigo do secretário-executivo do Meio Ambiente, Claudio Roberto Langoni. Para o lugar de Nilvo no instituto, o secretário escolheu o atual responsável por projetos especiais do ministério, Wolney Zanardi.
Dentro do Ibama esse remanejamento é visto com reservas e a avaliação é de que a pressão palaciana não deu resultado. Para alguns funcionários, substituir Nilvo por Zanardi será inócuo. Nenhuma mudança efetiva deverá ocorrer na discussão sobre licenciamento ambiental e seu entrave ao crescimento econômico.
A Casa Civil e o Ministério de Minas e Energia também negaram que estejam pressionando Marina a mudar a diretoria do Ibama. Há 20 dias, contudo, a bancada do PT obteve a informação sobre a troca, que deverá ocorrer com a reforma ministerial, após as eleições de outubro. (JB Online)