A Polícia Federal prendeu nesta sexta-feira (29) em Campo Grande (MS) o gerente do escritório do Ibama – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis em Rondonópolis (MT), Edinaldo Neves da Silva, sob a acusação de cobrar R$ 30 mil de um empresário para reduzir, de R$ 700 mil para R$ 80 mil, uma multa aplicada por dano ambiental.
A prisão ocorreu por volta das 9h (horário de Brasília), quando Silva, segundo a PF, deixava o escritório do empresário com os R$ 30 mil dentro de uma pasta. O nome do empresário não foi divulgado.
Segundo relato da PF, o gerente foi autuado por corrupção passiva (artigo 317 do Código Penal), que prevê pena de 2 a 12 anos de prisão. Ele ainda pode ter o tempo de reclusão aumentado em um terço porque supostamente infringiu o “dever funcional”.
Além do dinheiro, a PF anunciou ter apreendido com o gerente recibos, cheques de pessoas físicas e jurídicas, uma caminhonete Mitsubishi e diversos autos de infração do Ibama. Devido a essa última apreensão, a PF informou que fará investigações em Mato Grosso em busca de mais casos de corrupção supostamente cometidos por Silva. A PF informou que acompanhou a negociação entre o empresário e o gerente para o pagamento da propina.
O Ibama teria feito no dia 15 uma fiscalização na fazenda do empresário localizada em Itiquira (MT). No dia 18, segundo a PF, Edinaldo telefonou para o empresário informando sobre a multa de R$ 700 mil por dano ambiental. O gerente então teria pedido R$ 30 mil para reduzir a multa para R$ 80 mil e havia chegado nesta sexta-feira a Campo Grande para pegar o dinheiro.
Outro lado – A reportagem não localizou o advogado de Silva. A assessoria da PF informou que ele telefonou para um advogado que trabalha em Rondonópolis, mas não soube informar o nome dele.
No escritório do Ibama em Rondonópolis, funcionários disseram que não sabiam da prisão e afirmaram estar surpresos. Também desconheciam o nome do advogado do gerente. Um deles comentou que não existe fazenda de grande porte em Itiquira para justificar uma multa de R$ 700 mil.
O gerente executivo do Ibama em Mato Grosso, Hugo José Scheuer Werle, estava em Brasília (DF) e deveria chegar a Cuiabá (MT) no fim da tarde. A reportagem deixou recado, mas ele não ligou de volta. (Hudson Côrrea/ Folha Online)