Brasil terá primeiro pregão em bolsa da América Latina para “projetos limpos”

Desde o último dia 15, os projetos brasileiros que viabilizam a redução da emissão de gases causadores do aquecimento da atmosfera (o chamado “efeito estufa”) já podem candidatar-se a receber financiamento internacional a ser definido em pregão da Bolsa de Valores do Rio de Janeiro. O banco de projetos que pretendem beneficiar-se do acordo internacional denominado MDL – Mecanismo de Desenvolvimento Limpo está sendo organizado pela Bolsa de Mercadorias & Futuros e é o primeiro da América Latina.

Com previsão para entrar em operação até o final do ano, o pregão da Bolsa do Rio vai disponibilizar os chamados “créditos de carbono”, permitindo a criação do chamado MBRE – Mercado Brasileiro de Redução de Emissões. A iniciativa é resultado de parceria entre a BM&F e o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. O banco já tem oito projetos inscritos, dos quais um já está validado, ou seja, já recebeu o certificado que possibilita que ele seja internacionalmente “vendido”.

O primeiro projeto a ser validado foi da empresa Anaconda Ambiental Empreendimentos e tem como principal objetivo instalar um sistema de captação de biogás em um aterro sanitário em Santa Isabel (SP), incrementando a eficiência da captação do gás e sua queima total, com a instalação de um sistema de captação e queima do biogás (metano) produzido. Os dados sobre o projeto estão disponíveis no banco, na página da BM&F na internet.

Com prazo de implantação de sete anos, o projeto da Anaconda se propõe a eliminar a emissão de 840 mil toneladas de gás carbônico (CO²), em 7 anos – 120 mil toneladas por ano.

Além do Anaconda, estão ainda em fase de “intenção de projetos”, ou seja, em processo de análise por parte dos organismos competentes, outros oito projetos, entre eles, um do Ipê – Instituto de Pesquisas Ecológicas, localizado no Pontal do Paranapanema, também em São Paulo, e que tem como objetivo combinar a restauração do ecossistema, a conservação de florestas e o desenvolvimento de atividades florestais e agroflorestais com vistas à redução de gases causadores de efeito estufa.

O projeto beneficia comunidade de 250 famílias de pequenos produtores rurais assentados pelo programa de reforma agrária do governo federal e se propõe a remover o CO² da atmosfera por meio da restauração de florestas degradadas e da preservação da fauna e da flora da região. (Nielmar de Oliveira/ Agência Brasil)