Desde que surgiu o primeiro foco de aftosa no Mato Grosso do Sul este ano, a compra de carne brasileira foi suspensa de maneira diferenciada pelos 47 países que anunciaram o embargo. Bulgária e Angola, por exemplo, os últimos que entraram na lista, tomaram decisões distintas.
A Bulgária vetou a compra do produto de Mato Grosso do Sul e do Paraná, mas continuará importando de animais como bovinos, suínos e bubalinos de outras partes do país, desde que o produto seja submetido a tratamento térmico. Estudos científicos reconhecidos pela autoridade sanitária internacional, a OIE – Organização Mundial de Saúde Animal, mostram que o vírus morre quando exposto a uma temperatura acima de 50º centígrados.
Já Angola embargou só a carne bovina e derivados, como leite, de Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás, Paraná, São Paulo e Minas Gerais. O embargo foi total por parte de nove países: África do Sul, Chile, Colômbia, Cuba, Indonésia, Israel, Namíbia, Peru e Uruguai.
Cinco países suspenderam a importação de carne proveniente só de Mato Grosso do Sul. São eles Bolívia, Cingapura, Egito, Paraguai e Rússia. Quanto aos produtos, no entanto, os embargos são diferenciados. A Bolívia deixará de comprar produtos e subprodutos de origem animal, de ruminantes (o que inclui bovinos e bubalinos) e também de suínos. Carne fresca refrigerada, vísceras, miúdos, couros e peles também foram proibidos.
Cingapura foi menos radical e embargou só carnes bovina e suína “in natura”. Para o Egito deixará de embarcar, do Brasil, carne bovina congelada e desossada, além de todos os produtos e subprodutos de origem bovina. O Paraguai proibiu a entrada de animais vivos suscetíveis ao vírus da aftosa, que são todos os de casco partido (cabras, ovelhas, porcos, bois e vacas, carneiros, búfalos etc).
E a Rússia, que, em outras ocasiões, foi mais dura nos embargos à carne brasileira, vetou animais de qualquer espécie, além de leite e derivados. O embargo russo se estende também a produtos pré-fabricados a partir de bovinos e utilizados no manejo e na alimentação do gado, além de utensílios usados nos matadouros.
A data do veto dos cinco países que suspenderam a importação de produtos oriundos exclusivamente de Mato Grosso do Sul é anterior ao anúncio da suspeita de animais contaminados no Paraná. As suspeitas do Paraná foram anunciadas pela secretaria estadual de Agricultura no último dia 21 e ainda não foram confirmadas pelos exames de laboratório.
O veto argentino foi o único que especificou somente a área considerada interditada pelo governo de Mato Grosso do Sul, que inclui os municípios de Eldorado, Iguatemi, Itaquiraí, Japorã e Mundo Novo. Destes municípios, não seguem mais para a Argentina animais vivos suscetívies à aftosa, carnes ou subprodutos da carne frescos.
A UE – União Européia, formada por 25 países, foi a primeira a anunciar a suspensão da compra de carne brasileira. Ainda no dia 12, quatro dias depois que o governo confirmou o foco no município de Eldorado, a UE proibiu a entrada de carne bovina proveniente dos estados de Mato Grosso do Sul, Paraná e São Paulo. Noruega e Romênia acompanharam a decisão européia, tanto quantos aos tipos de produto, como quanto à origem.
E a Suíça, que embargou no dia 13, vetou a importação de animais vivos e produtos à base de carne dos mesmos estados. Moçambique vetou produtos das mesmas áreas que a União Européia, mas deixou de fora do embargo as carnes enlatadas e desossadas, desde que sejam cozidas antes de embaladas, além do leite em pó e iogurte pasteurizados, e também aves. Já a Ucrânia vetou todo tipo de carne, mas não incluiu São Paulo no veto (proibiu Mato Grosso do Sul e Paraná). (Lana Cristina/ Agência Brasil)