O Ibama – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, autuou nesta quinta-feira (22) a Multinacional Veracel Celulose em R$ 320 mil, por impedir ou dificultar a regeneração natural de florestas de Mata Atlântica em 1.200 hectares. Uma das maiores companhias do ramo no País, a européia Veracel, situada em Eunápolis, sul da Bahia, foi enquadrada na Lei de Crimes Ambientais, de 1998. O crime foi constatado com base, sobretudo, em análises de imagens de satélite e informações georeferenciadas sobre as áreas pertencentes às empresas de celulose que atuam na região, fornecidas pelo Ministério Público. Segundo o gerente do Ibama no Sul da Bahia, José Augusto Tosato, a Veracel compromete a Mata Atlântica com a plantação do eucalipto.
A devastação preocupa o Ibama, entre outros motivos, porque a Mata Atlântica é um dos biomas mais ameaçados do planeta. No Brasil, restam apenas 7% da sua configuração original. “Diante desse fato, impedir sua regeneração em área de 1.200 hectares é delito gravíssimo”, afirmou Tosato. “Enquanto fazemos de tudo para conectar os fragmentos florestais que resistem, via Projeto Corredores Ecológicos, é inaceitável que empresas trabalhem na contramão dessa estratégia vital para a salvação da Mata Atlântica”.
Segundo Tosato, o Ibama dará prosseguimento às investigações, pois há indícios de desmatamentos em outros pontos da floresta da região. Uma vez confirmados, novos autos serão emitidos, áreas serão embargadas para ser recuperadas.
A Veracel possui cerca de 140 mil hectares no extremo sul da Bahia, 75 mil plantados com eucalipto para produção de celulose. Metade da Companhia pertence à empresa suec0-filandeza Stora-Enso, metade à brasileira Aracruz Celulose.
Corredores Ecológicos – Quase todo sul da Bahia foi beneficiado pelo Projeto Corredores Ecológicos, de proteção e expansão de florestas tropicais, entre as quais a Mata Atlântica. Nesse capítulo, o projeto conta na Bahia com a parceria do Governo do Estado, além da participação de órgãos públicos e organizações não-governamentais. “Objetivo é criar condições para aumentar a conectividade dos remanescentes florestais”, explica o gerente do Ibama no Sul da Bahia, José Augusto Tosato.
Os Ministérios Públicos Estadual e Federal, além de outras entidades representativas, solicitavam ao Ibama informações sobre os impactos de plantações de eucalipto (para produção de papel) na Mata Atlântica. Este fato levou o órgão a realizar audiência pública em Porto Seguro, em outubro passado. Mais de 2.600 pessoas compareceram, entre elas lideranças da comunidade, o que, para o gerente do Ibama, demonstra a preocupação que o tema suscita na Bahia. (Rubens Amadori/ Ibama)