A Coordenadoria Estadual de Defesa Civil de Minas Gerais dividiu as suas ações para atender populações em situações opostas. Enquanto no norte e nordeste o problema é a seca que afeta 2 milhões de pessoas, a pior dos últimos 30 anos, na região central a atenção é com as chuvas.
Os temporais nos últimos dias atingem principalmente a região metropolitana de Belo Horizonte nos períodos da tarde e da noite. Nos últimos seis dias, duas pessoas morreram e duas estão desaparecidas na região em decorrência das cheias de córregos.
O drama maior, no entanto, é o das populações das cidades do norte e do Vale do Jequitinhonha, as duas regiões mais pobres de Minas Gerais. A seca já levou 47 municípios a decretarem situação de emergência, mas o número de municípios atingidos é maior.
A situação abrange quase todos os municípios da área mineira da extinta Sudene: 165, onde vivem aproximadamente 2 milhões de pessoas, segundo o coronel James Ferreira Santos, chefe do Gabinete Militar do governador Aécio Neves (PSDB) e coordenador estadual da defesa civil.
“A determinação do governador é que aquela área seja prioridade do Estado a partir de agora. Todos os esforços serão feitos para minimizar os efeitos da seca, que normalmente tem início entre maio e junho”, disse.
Levantamento da Emater (empresa vinculada à Secretaria da Agricultura) em apenas 86 cidades do norte, a perda da safra 2005/06 beira os 100%. São 93 mil pequenos produtores que ficarão agora sem renda.
Eles perderam 184,9 mil toneladas de milho, feijão, arroz, algodão soja e sorgo. E 90% das pastagens também estão perdidas. Os agricultores estão tendo que vender o gado que possuem para evitar mais prejuízos.
Dados do 5º Distrito de Meteorologia, vinculado ao Ministério da Agricultura, mostram que entre outubro e novembro choveu aproximadamente 30% do volume esperado nesses cinco meses (entre 700 mm e 800 mm).
A Defesa Civil está levando água para consumo humano, mas a distribuição ainda é limitada. Por isso, segunda-feira (6), em Montes Claros, ocorreu uma reunião com prefeitos e representes de órgãos estaduais e federais para discutir o que fazer e agilizar as liberações de recursos e ajuda material.
Estado e municípios querem que a União amplie os recursos para o programa Saúde da Família e que os agricultores familiares sejam incluídos no Bolsa Família. (Paulo Peixoto/ Folha Online)